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Após romper trégua, Israel volta a bombardear Gaza nesta terça, envia tanques e diz que ofensiva seguirá

Menino cozinha ao lado da mãe no teto de uma casa destruída, na Faixa de Gaza, em 17 de março de 2025 — Foto: AP Photo/Jehad Alshrafi

Após retomar bombardeios na Faixa de Gaza na noite de segunda-feira (17), as Forças Armadas de Israel disseram ter feito novos ataques ao território palestino e afirmaram que a ofensiva continuará de forma permanente.

Os ataques romperam com a trégua em vigor entre Israel e Hamas desde janeiro e deixaram 413 mortos e 660 feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

Em comunicado nesta manhã, as forças israelenses afirmaram que “continuavam a atacar alvos pertencentes ao Hamas e à Jihad Islâmica (outro grupo extremista que atua na Faixa de Gaza)”.

O documento não informa em que locais da Faixa de Gaza ocorreram os bombardeios desta terça, mas afirma que os alvos atingidos “nas últimas horas” incluíam células militantes, estoques de armas e infraestruturas militares usadas pelo Hamas “para planejar e executar ataques contra civis israelenses e soldados das IDF”.

 

Tanques israelenses também foram vistos posicionados na fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza (veja imagem acima), indicando que, além dos ataques aéreos, as incursões por terra no território palestino também podem ser retomadas.

Protesto de parentes

Também nesta terça, parentes de reféns israelenses que ainda estão sob poder do Hamas protestaram contra a retomada dos bombardeios por parte do governo israelense.

O grupo acha que os novos ataques dificultarão a libertação dos últimos sequestrados ainda em cativeiro em Gaza — há cerca de 60 reféns, entre os mais de 250 sequestrados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, quando o grupo terrorista invadiu Israel, matando também 1.200 pessoas.

Novos bombardeios

O bombardeio da noite de segunda-feira foi a primeira grande operação militar na região desde o início do cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em janeiro.

Israel declarou que bombardeou apenas alvos do Hamas e lideranças do grupo terrorista, mas o governo local do grupo terrorista afirmou que o ataque deixou centenas de civis mortos.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse ter ordenado os ataques após o Hamas se recusar a libertar os reféns ainda mantidos em Gaza e rejeitar todas as propostas que receberam para uma segunda fase do cessar-fogo, ainda em negociação.

“Israel atuará, a partir de agora, contra o Hamas com força militar crescente”, diz o comunicado. O governo disse que continuará na ofensiva enquanto for necessário, podendo ampliá-la.

 

O ataque das Forças Armadas israelenses foi conduzido em conjunto com a Agência de Segurança de Israel, responsável pela inteligência do país.

Testemunhas relataram à Reuters terem presenciado uma série de explosões provocadas por ataques aéreos ao longo da Faixa de Gaza, e hospitais do território palestino receberam centenas de pessoas (veja vídeo acima).

Médicos que atuam no território afirmaram à agência que 200 pessoas morreram, incluindo várias crianças, e diversas ficaram feridas. Mais tarde, o Ministério da Saúde de Gaza disse que 254 pessoas haviam morrido. Depois, o número subiu para 326 mortos, ainda segundo o Hamas.

Segundo o Hamas, Mahmoud Abu Watfa, membro do alto escalão de segurança do grupo terrorista, foi morto durante os ataques. Já a Jihad Islâmica disse que seu porta-voz também morreu atingido por um dos bombardeios.

De acordo com a Reuters, explosões foram observadas na Cidade de Gaza, em Deir Al-Balah, na região central, e em Rafah e Khan Younis, no sul. A Defesa Civil do território, contolada pelo Hamas, afirmou que 35 ataques aéreos foram registrados.

Uma autoridade do Hamas acusou Israel de romper com o acordo de cessar-fogo de forma unilateral, colocando os reféns mantidos em Gaza em um “destino incerto”.

Diante da operação militar, Israel anunciou que impôs algumas restrições para comunidades israelenses que ficam próximas da fronteira com a Faixa de Gaza. As aulas nestes locais, por exemplo, foram suspensas.

Ordens de evacuação em algumas regiões de Gaza foram emitidas por Israel na manhã desta terça, no horário de Brasília, e palestinos foram registrados deixando o território.

Outros ataques contra alvos na Faixa de Gaza foram registrados anteriormente, mas menores. No sábado (15), pelo menos nove pessoas morreram em um bombardeio no norte do território, de acordo com médicos que atuam na região.

O cessar-fogo entre Israel e o Hamas começou em 19 de janeiro. O acordo, dividido em três etapas, prevê uma pausa completa nos ataques, além da troca de reféns mantidos pelo grupo terrorista em Gaza por prisioneiros palestinos detidos em Israel.

Na prática, o prazo da primeira fase do cessar-fogo terminou em 1º de março. Israel e o Hamas chegaram a negociar uma extensão da trégua, mas não chegaram a um acordo. Com isso, o governo israelense anunciou a interrupção da entrada de ajuda humanitária no território palestino.

Enquanto isso, as duas partes negociam o início da segunda fase do acordo, com a mediação do Egito, Catar e Estados Unidos.

Guerra

A guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro de 2023, quando terroristas do grupo atacaram e invadiram o território israelense. Naquele dia, 1.200 pessoas foram mortas e mais de 200 foram sequestradas.

Nas semanas seguintes, Israel lançou uma operação em larga escala na Faixa de Gaza para combater e destruir estruturas do Hamas. Segundo o Ministério da Saúde do território, controlado pelo grupo terrorista, mais de 40 mil pessoas morreram, incluindo mulheres e crianças.

O conflito gerou instabilidade no Oriente Médio e se expandiu para outras regiões, envolvendo o Hezbollah, no Líbano, e o Irã. Além disso, rebeldes Houthis, do Iêmen, passaram a atacar navios comerciais no Mar Vermelho em protesto às ações de Israel.

Na Faixa de Gaza, a guerra provocou uma crise humanitária generalizada, deixando milhares de pessoas desabrigadas ou deslocadas e reduzindo cidades a escombros.

Fonte: G1

Ponto de Vista

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