APOSTA DESASTROSA –
Semana passado o natalense viveu momentos de euforia diante de uma notícia falsa – a tal feiquinios -, dizendo da provável reativação do nosso antigo Aeroporto Internacional Augusto Severo. Como a alegria de pobre dura pouco, no dia seguinte as redes sociais repuseram a verdade dos fatos informando que tudo não passara de “um sonho de verão”.
Lembro da “Cidade do Sol” dispondo de um aeroporto pequeno, bem situado e de acesso fácil ao centro da capital. Na mesma época, João Pessoa, na Paraíba, era servida por um aeroporto nada funcional, mal localizado e operando reduzido número de voos regulares, daí a preferência de paraibanos por terminais daqui e do Recife.
O encantamento do turista chegado a Natal por via aérea se iniciava ao deixar o aconchegante aeroporto. Dava logo de cara com uma rodovia com seis faixas de tráfego, canteiro central florido, ausência de favelas no percurso, boa iluminação e fácil acesso aos principais bairros da capital. Um cartão-postal perfeito para o visitante. Quantas e quantas vezes escutei desses viajantes comentários elogiosos do tipo: “Natal possui a mais bela entrada do Brasil”. Não falseavam com a verdade, era a realidade.
Eis que em 2014 entrou em operação o Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante, o primeiro aeroporto privatizado do país. Tudo levava a crer estarmos diante do Eldorado dos aeroportos brasileiros, pela localização estratégica da capital do Rio Grande do Norte em relação à Europa para a instalação de um hub tronco no setor de transportes. Garantiam tratar-se do motor propulsor para a redenção financeira do estado.
Sete anos passados e o entusiasmo inicial absurdamente desapareceu. O ansiado hub da Latam ficou no Ceará; a distância entre o aeroporto e o centro da cidade tornou-se um complicador para os usuários pela ausência de fiscalização nos 27,5 quilômetros do percurso; e, por último, o alto custo das passagens que desviam os nossos visitantes para destinos outros.
Quinze anos atrás, operávamos aqui 23 voos charters semanais trazendo turistas de vários países da Europa sem dispor da estrutura aeroportuária de agora. Natal ocupava o 2° lugar no ranking das operadoras de turismo como o destino mais procurado do Nordeste. Alguma coisa deu errado e ninguém escalona as razões do retrocesso.
Tentemos encontrar justificativa para a seguinte falta de nexo: quando inauguraram, em São Paulo, o aeroporto de Guarulhos deixaram funcionando o de Congonhas; quando inauguraram, no Rio de Janeiro, o aeroporto do Galeão, deixaram ativado o Santos Dumont; e, quando da inauguração do aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, continuou operando o da Pampulha. Por qual razão não agiram da mesma forma em Natal, quando apelos não faltaram a favor da manutenção do Augusto Severo.
Na minha opinião, se tratou de uma aposta desastrosa e paradoxal se levarmos em conta o desconforto criado pela desativação do aeroporto de Parnamirim. Entre outras razões pelo fato de a ele se chegar em poucos minutos sem ser assaltado no percurso de ida ou de volta.
Pensando melhor é difícil apontar, até agora, um único benefício decorrente do funcionamento do mega aeroporto, dentre o rol de justificativas elencadas para a sua construção. Uma pesquisa de avaliação que medisse a satisfação do potiguar com o “elefante branco” de São Gonçalo do Amarante seria esclarecedora, mas, de antemão, duvido que seja benvinda!
José Narcelio Marques Sousa – engenheiro civil
Uma aposta desastrosa, com toda a certeza. Agora está mais difícil ir a Natal em virtude da localização do aeroporto.
Embora existam voos em diversos horários, são poucos os que saem e chegam durante o dia, de forma a dar mais tranquilidade e segurança ao turista. O longo e ermo percurso assusta os visitantes.