ARACY BALABANIAN, SAUDADE ARMÊNIA –
Estimada Raquel Naveira.
Coestaduana de Aracy Balabanian.
Domingo, dia 3 de abril de 2022, madrugada, cinco horas da manhã, após um sono reparador, você, cara Raquel, chega doce e mansamente à minha casa em Brasília, trazendo uma moça do Ararate – Aracy Balabanian.
Estou feliz, como sempre, com as boas notícias, que alegram nossos espíritos, movidos pelos encantamentos das boas-novas.
Uma armênia que me faz recordar Manoak Tcherkezian, fotógrafo lambe-lambe da Praça Parobé, em Porto Alegre, egresso da terra da Arca de Noé.
Relembranças da época diluviana, mergulho no tempo!
Convivi com os filhos de Manoak, Roberto e Anna. Ele, meu saudoso colega do colégio alemão Deutscher Hilfsverein, aluno brilhante, que chegou a ser Diretor da Petrobras, como engenheiro, no Rio de Janeiro.
Aprendi a pedir um copo d´água em armênio para saciar a sede: kavat me chur gusem (assim pronunciava). Nada mais, lembro.
Aracy, então, minha ilustre Raquel, envolve as brumas do meu passado com as estórias dos imigrantes, que deixaram suas pátrias e vieram para a imensidão da hinterlândia brasileira.
Somos um cadinho amalgamado de raízes genéticas. Somos um povo multifacetado de uma geração regida pelo condão do trabalho.
Somos filhos de pobres, marcados sob a égide da necessidade, que move o mundo!
Aracy Balabanian e Manoak Tcherkezian afloram meus pensares da juventude, um mundo multifário, repleto de sonhos e ilusões.
Em nossas infâncias, Roberto Tcherkezian (filho de armênios), Fernando Grigoleto Maboni (filho de um alfaiate italiano) e José Carlos Gentili (filho de um ferreiro), verdadeiros párias da sociedade, conviveram com os filhos das famílias mais ricas da época, os Warlich, os Kessler, os Gerdau, os Renner e tantos outros miliardários.
Nossos pais paupérrimos jamais teriam condições de bancar nossos estudos, se não fosse o ideário maçônico da Sociedade Beneficente Educacional, alemã, de 1858, mais tarde Colégio Farroupilha, que reunia “cabeças-pensantes”, como fazem, hoje, os think thanks nos países desenvolvidos.
O ideário alemão do universo educacional é algo avassalador e a maçonaria sempre silente, esotérica, visa o aperfeiçoamento do ser humano.
Até hoje nunca fiquei sabendo das mensalidades pagas e abonadas, mistério benfazejo, que jamais ninguém saberá na contabilidade da vida.
Só agora me recordo, que em 1950, fui escolhido no Rio Grande do Sul, pela rede pública de ensino, para ser aluno da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, onde deveria passar toda a minha vida escolar. Chorei muito quando meus pais me convenceram que deveríamos declinar do galardão em benefício da segunda colocada – uma filha de uma lavadeira de roupa do Areal, no bairro do Menino Deus, que estudava à luz de velas. Chorei muito pelo sentimento de perda. Não me lembro mais de seu nome e sequer onde está, se viva é!
Nesta ocasião, surpreendentemente, fui integrado no colégio alemão, não sei o porquê das “cargas d´água” do sortilégio existencial, em companhia dos Maboni e dos Tcherkezian da vida, vindo a integrar, após quase um decênio de rígidos ensinamentos, a Turma Centenária desta referência educacional.
É algo indizível… os meandros do Criador.
Assim, quero agradecer, minha estimada Raquel Naveira, por trazer-me para o café da manhã a sua amável companhia e a de Aracy Balabanian, pessoas transcendentes do universo da criação estelar.
Buona domenica.
José Carlos Gentilli – Escritor, membro da Academia de Ciências de Lisboa e Presidente Perpétuo da Academia de Letras de Brasília
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