Como sinal de que os combates estão se espalhando, Armênia e Azerbaijão trocaram acusações nessa terça-feira (29) sobre ataques ocorridos longe da região separatista de Nagorno-Karabakh, onde os confrontos entraram no terceiro dia consecutivo.
O Ministério das Relações Exteriores armênio relatou nesta terça a primeira morte em seu território propriamente dito. Trata-se de um civil, segundo o governo, morto em um ataque azeri na cidade de Vardenis, localizada a mais de 20 km de Nagorno-Karabakh.
Ministério da Defesa da Armênia afirmou que as forças armadas do Azerbaijão atacaram uma unidade militar em Vardenis e que um ônibus com civis armênios também pegou fogo após ser atingido por um drone azeri. Não ficou claro se a morte civil relatada resultou desse incidente.
Já o ministério da Defesa do Azerbaijão disse que o exército armênio bombardeou a região de Dashkesan, que fica em seu território. A Armênia nega as acusações, de acordo com a Reuters.
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, disse que 10 civis foram mortos por bombardeiros armênios desde domingo. Não havia informações oficiais sobre baixas entre tropas azeris.
Dezenas de pessoas morreram e centenas ficaram feridas desde o início da atual onda de violência que eclodiu no domingo (27) em Nagorno-Karabakh, também conhecida como Artsakh. Com a escalada militar, os dois países declararam lei marcial — ou seja, ambos os governos preparam as populações para uma possível guerra.
Se o conflito evoluir para uma guerra, pode atrair as grandes potências regionais Rússia e Turquia. Moscou tem uma aliança de defesa com a Armênia, enquanto Ancara apoia o Azerbaijão.
Por isso, os combates, considerados os mais violentos desde 2016, provocaram inquietação internacional e levaram ONU, Rússia, França e Estados Unidos a pedir um cessar-fogo imediato. Nesta terça, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, fez um novo apelo para que os dois países cessem as hostilidades.
Pela região do sul do Cáucaso passam oleodutos que transportam petróleo e gás para os países ocidentais.
A região de Nagorno-Karabakh, que tem a maioria da população é armênia, separou-se do Azerbaijão em uma guerra na década de 1990, mas não é reconhecida como uma república independente por nenhum país da Organização das Nações Unidas (ONU).
As disputas territoriais entre Armênia e Azerbaijão precedem a criação da União Soviética (URSS), em 1922 – a URSS englobou o território dos dois países nos quase 70 anos de existência.
A região abriga quase 150 mil pessoas em um território encravado nas fronteiras dos dois países. Dessa população, segundo dados apresentados pelo governo armênio, 95% têm origem armênia.
De um lado, armênios argumentam que são a maioria étnica e, por autodeterminação dos povos, têm direito ao controle de Nagorno-Karabakh. Do outro, os azeris entendem que também têm aquela região como parte do território histórico do Azerbaijão.
Fonte: G1
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