ARREBOL –
Sinais, a todo instante nos deparamos com avisos, com mensagens, a exemplo da madrugada, que é a noite em gestação do dia e a tarde, que antecede o luar ou o salpicar de estrelas na escuridão da noite.
Não há frio da noite mais longa, nem o calor do dia mais reluzente, que resista aos sinais vermelhos e laranjas no horizonte.
O arrebol é o encontro encarnado da luz com as trevas, prenúncio do crepúsculo ou da aurora, ambas passagens de beleza lilás.
Nestes dias e noites de clausura, na espera de uma vacina que nos cure a alma, o horizonte nos apresenta duras lições, de partidas e chegadas e de encontros e despedidas.
As flores que desabrocharão amanhã, não serão as mesmas de ontem, o arrebol que nos espera no horizonte nos apresentará um inédito amanhecer ou o fim.
— Amor, olha as nuvens alaranjando! Falei apontando para o céu, pela janela do trem. Instante que passei a mão nos meus cabelos e suspirei lembrando dos que desceram antes da próxima estação.
Não somos mais os mesmos, nossos lares não são os mesmos e não podemos mais contar com os mesmos, agora mesmo, tudo já é tão diferente.
—Olha filha! Os trilhos estão floridos de xanana, neste amanhecer dourado. — Deve ser por sua causa, querida!
Arrebatado pelo inexorável, a esperança surge nas flores do amanhecer, como observar as mães que amamentam seus rebentos, como arrebol de uma nova vida.
Renato Cunha Lima Filho – administrador e empresário