ARTE URBANA E POLÍTICA PÚBLICA –
Não sobrevivem os artistas se não forem valorizados pela sociedade em que vivem e trabalham. Ao poder público cabe motivar e dar estímulo sem interferir na liberdade de criação. Músicos, pintores, escultores, artistas de teatro, produtores de cinema, escritores e poetas, todos carecem do aplauso do seu povo. A prefeitura de Natal e o Estado do RN bem escolheram os gestores da área.
Natal é cidade bela, festiva, de grande vocação artística e, por isso mesmo, turística. O Prefeito Álvaro Dias entendeu que o investimento em cultura dá retorno significativo, quer financeiro para a municipalidade, quer para o bem-estar dos seus munícipes. A promoção de eventos deu resultados positivos nos dois sentidos.
O centro da cidade vem sendo revitalizado. Limitadas as alegrias pela pandemia, temos a esperança do retorno. O tradicional Beco da Lama acolheu cinquenta artistas grafiteiros. Dicesarlove, ícone nacional, abre a galeria a céu aberto com retrato de Câmara Cascudo. Aliás, o nosso mestre maior foi o primeiro retratado em grafite na década de oitenta. Mais recentemente, Lennon Lie e Fábio de Ojuara fizeram o retrato de Câmara Cascudo, usando máscara, em alerta à disseminação do vírus letal.
Os grafiteiros merecem o apoio da Capitania das Artes, sob a liderança do escritor e poeta Dácio Galvão. E já há mostra dos seus trabalhos em diferenciados locais da cidade. Recentemente, os grafiteiros Lucas MDF, F. Black, Jão, Sd e Pardal, autorizados pela superintendência do Banco do Brasil, fizeram um grande painel no muro que protege seu estacionamento na Cidade Alta. Lá estão personalidades potiguares como Clara Camarão, a primeira heroína brasileira; Nísia Floresta, da pré-história do feminismo mundial; o santo padre João Maria e Padre Miguelinho, herói fuzilado na Bahia. Não falta a poesia maior, com Zila Mamede, e nem a sociologia do acadêmico Manoel Rodrigues de Melo. Dois legítimos orgulhos potiguares estão presentes no centenário de seu nascimento: o folclorista Veríssimo de Melo e o compositor Oriano de Almeida. Foram também homenageados Saint-Exupéry, o autor de “O Pequeno Príncipe”, e o Baobá de Natal, que é, certamente, o mais antigo habitante da cidade.
Apesar da escassez de recursos, o poder público tem procurado cumprir o seu papel estabelecido na Constituição brasileira, garantindo a muitos o pleno exercício dos direitos culturais. A boa e correta aplicação da lei Aldir Blanc ajudou e estimulou artistas carentes na sua vida profissional.
A arte urbana e os seus autores merecem o carinho e o aplauso da nossa comunidade.
Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN