O FEITIÇO DO MEDO –
Medo. Só a palavra em si já nos assusta. Não importa do que, todos temos um. Todos sentimos o efeito paralisante, mas se todos os seres humanos tivessem se deixado levar, a nossa espécie estaria extinta antes mesmo de começar.
A sensação de ter medo não importa, porque os maiores corajosos da história foram aqueles que enfrentaram seus medos. Eles tinham medo, mas lutaram contra aquilo que os prendia, que os deixava menores, e se tornaram grandes.
Não é corajoso quem nada tem a perder ou arriscar quando sai à luta, não é corajoso quem troca nada por coisa nenhuma. Para se ter coragem, é preciso arriscar alguma coisa, mesmo que na esfera moral, é preciso enfrentar a si mesmo, quando não se acredita capaz de fazê-lo.
Não é corajoso quem pula de um penhasco após receber uma sentença de morte, mas quem levanta a cabeça, sacode a poeira e vive com intensidade, cada dia, sabendo que vai, com certeza, morrer desde a hora que nasceu.
E é exatamente isto que faz a coragem. Ela nos mostra o caminho, dentro de cada um, para superar, para dar mais um passo, para viver mais um dia e prosperar ao final de tudo. Forte não é o destemido, mas o bravo, o que enfrenta.
Fugir não torna nada menor, não faz o medo ir embora. Ficar e enfrentá-lo, faz.
Assim são nossos dias, enfrentando e vencendo. Conhecendo o desconhecido, desbravando. Assim é a vida de cada ser humano nesta Terra, porque não há nada mais assustador que o desconhecido, e o próximo dia e a próxima hora são surpresas que a vida guarda para cada um.
Todo dia é uma batalha desconhecida, determinada apenas pelas escolhas que fazemos, e cada escolha nos mostra um caminho que nos levará à colheita do nosso plantio.
Se tivermos coragem de sermos melhores do que somos, de fazer além da nossa parte, de dar um pouco mais de nós, seremos felizes. Se deixarmos que o medo solte sobre nós o seu feitiço e nos paralise, estaremos presos, para sempre, em uma luta vã, que nunca terá fim.
Ana Luiza Rabelo, advogada ([email protected])