CARLOS ALBERTO JOSUÁ COSTA

ELE ESTAVA OCUPADO –

Tenho encontrado abnegados leitores que perguntam por Lucas, meu neto, decantado muitas vezes nos artigos que compartilho com vocês, tendo ele como insight para o desenrolar dos assuntos.

Acontece que agora, resolveu engrossar o pescoço e afeto às novas descobertas, me deixou temporariamente de lado e, como perceberam, tive que me virar em outras fontes de inspirações.

Liguei para ele: “Luquinhas cadê você? Bateu asas e voou? Tô com saudades. Vovô te ama!”.

“- Tô ocupado. Eu também te amo.”

Ocupado?! E anjos se ocupam assim, a ponto de não ter tempo para iluminar um velho coração?!

Fiquei pensativo e nesse meio tempo recebi uma mensagem repassada por João Guilherme e Laryssa, pais de Lucas, da qual extrai alguns sinais que ele realmente estava ocupado.

Vejamos!

Oi! Sou Patrícia, mãe de João Gabriel, amigo de Luquinhas. Não nos conhecemos ‘ainda’, mas em breve iremos nos conhecer pela amizade dos nossos filhos. Esta mensagem é para dizer que Anjos não precisam de asas, assim como Luquinhas não precisou pra se tornar um na vida de João Gabriel.

Desde o ano passado, João vinha apresentando um ‘bloqueio’ ao entrar na sala de aula. Chegava até à porta e daí não passava. Suas mãos gelavam, os olhos brilhavam e dizia: “- Não consigo…”. 

Rubinho (amigo dos pais de Lucas) lembrou-se que Luquinhas estudava também no Salesiano, em outra sala, e poderia ajudá-lo. Tentamos levá-lo para a sala de Lucas, mas João Gabriel não queria deixar sua professora a qual se apegou durante os primeiros dias.

 Luquinhas foi passar um dos dias de carnaval em Jacumã e eles não se desgrudaram e na volta para casa, João disse: “- Quero ir para a sala de Lucas”.

Falamos com o Coordenador Mário Sérgio que autorizou na hora. Só que passou quinta, sexta e segunda e, nada. Até que ontem para a glória do Senhor ele conseguiu e João adorou a nova sala.

 À noite quando João Gabriel estava fazendo sua oração, eu falei da importância de fazer o bem ao próximo e na hora ele disse: “- Mainha tudo Luquinhas tá fazendo por mim, até meu treino eu pedi pra assistir e ele foi”.

Não tenho dúvidas das obras de Deus e do quanto Ele usa as pessoas na vida dos outros. Luquinhas é um Anjo na vida dele e nas nossas. Ressalto o quanto ele tem ajudado a João com sua inocência de criança… Só queria dizer que estamos muito felizes. Quando ele entrou na sala de Lucas a nossa felicidade foi maior que a primeira vez quando ele foi estudar. Tudo isso vai passar, mas com certeza a amizade deles será para sempre”.

Então Anjos existem?!

Sim. É uma qualidade de inocência, por isso serve à figura de criança para representá-lo. A criança não permite interferência do mal em seus pensamentos. Isso inconscientemente a amedronta e naturalmente é rejeitada, de tal modo, que nem percebemos.

Toda criança é um mensageiro investido por Deus, com características de Anjos terrenos que cumprem missões divinas em forma de gente. Basta perceber o quanto a presença de uma delas nos faz bem. Não conheço ninguém que não se motive a sorrir, a falar ‘bobinho’, a se agachar para abraçá-lo ou tomá-lo nos braços, como uma forma de acolher o bem.

Quando adultos perdemos o nosso Anjo?! Claro que não!

Nós, adultos, também somos agraciados angelicalmente. Embora ‘embrutecidos’ pela absorção das tantas e tantas mazelas que vamos penduricando na trajetória da vida, não raramente, somos guiados a agir em favor do próximo.

Quantas vezes nos surpreendemos com mensagens que, chegando de forma branda e suave aos nossos corações, nos impelem a interpretar o que aquela sensação está querendo nos dizer, chegando até a mudar os passos que estávamos prontos a dar.

Quantas vezes também, somos agradecidos por uma atitude, uma palavra, um sinal, um recado, que alguém nos proporcionou em algum momento, e que só depois percebemos a força que essa ação nos permitiu agir de forma coerente, certa, evitando dores e sofrimentos.

Quem já não parou para ouvir a voz angelical: querer eu quero, mas meu coração está dizendo não!

Sempre silencioso e oculto, inspira a prática das boas intenções e das boas obras, ilumina o espírito na busca da verdade, sugestiona a mente afastar-se de maus pensamentos, insinua sugestões a problemas de difícil solução, estimula a prática da fidelidade, da justiça e do amor fraterno, zelando e orientando cada um de nós pelo caminho do bem.

Nas Escrituras encontramos a ação dos Anjos em várias ocasiões: no anúncio a Maria, no nascimento de Jesus, no nascimento de Ismael, no sonho de Jacó em Betel, na provação de Abraão, em Gideão, no nascimento de Sansão, em Daniel na Cova dos Leões, na tentação de Jesus, no Monte das Oliveiras, na libertação de Pedro, na Ressurreição de Jesus, em Lázaro e o rico, com São José, com o Rei de Tiro.

Quando um Anjo nos ‘visita’ nosso coração sente sua presença, pois nos afeta com um amor infinito por todos os seres.

Agora compreendo a ausência de Lucas: Ele estava ocupado!

 

Carlos Alberto Josuá CostaEngenheiro e Consultor

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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