MEU LIVRO –
O lançamento do “Meu olhar sobre a Vida” me trouxe muita alegria e muitas recordações. Agradeço a todos que prestigiaram a minha noite e que muito contribuíram para todo esse momento.
A primeira recordação foi para o meu tempo de menino, estudando no Colégio Pedro Segundo. É que minha letra nos autógrafos estava péssima, e deve ter dificultado muito a leitura. Idade, com emoção, pioraram ainda mais letras que já não são boas. Lembrei-me das lições de Caligrafia. Havia um caderno especial, com um exemplo das letras no topo, e que você tinha que reproduzir, numa espécie de pauta, para as maiúsculas e minúsculas. Esse exercício deve ter contribuído para que ainda seja possível ler o que escrevo.
A outra lembrança foi a presença de colaboradores meus na Secretaria de Educação, Governo Corte Pereira. Quarenta anos depois, ainda encontro pessoas ligadas à educação, que recordam minha administração como das melhores. Mas, enfatizo, devo esse sucesso aos meus colaboradores, que escolhi sem interferência política ou do Governador, o que me deu ampla liberdade. E fiz essa escolha de forma sui-generes. O primeiro, escolhi só; mas do segundo em diante escolhi num consenso dos que já faziam parte da equipe. Isso nos deu uma unidade de trabalho que contribuiu muito para o nosso sucesso.
A presença desses meus amigos e colaboradores me trouxe a lembrança meu curso de Mestrado nos EUA. Esse curso me ajudou, e muito, nas tarefas em que me envolvi. E a melhor lição aprendi no primeiro dia de aula, na apresentação do curso, quando o Diretor da Escola foi nos dar as boas vindas. Começou dizendo: “Quem veio aqui pensando em fazer coisas, está no lugar errado, vá para o curso de Engenharia; os que estão aqui para aprender a mandar, estão no lugar certo. É isso que vocês aprenderão aqui”.
Usei essa lição por onde andei. Ao lado disso, também aprendi nesse curso a simplificação de processos e eliminação de burocracia. Que na Secretaria era enorme. O Secretario tinha que autorizar, ele mesmo, as coisas mais simples. E, algumas, ainda precisavam da assinatura do próprio Governador. Uma burocracia maluca, que tratei de eliminar, e consegui, em sua maior parte.
Lembro-me que, na primeira semana, havia uma enorme quantidade de processos que precisavam da assinatura do Governador. Conhecendo Cortez, preparei um decreto me delegando poderes para tudo aquilo e me permitindo delegar poderes internamente. Enchi uma caminhonete com os processos e parei em frente ao Palácio Potengi. Subi, chamei Cortez, mostrei a ele a quantidade de processos para ele assinar, devido a burocracia idiota. Riu muito, como era seu costume, e disse: vamos resolver isso.
A solução eu já trouxe. Está neste decreto, que me delega poderes para assinar tudo e me autoriza a delegar poderes dentro da Secretaria. Assinou na hora, e daí em diante, ele nunca mais assinou um papel, e eu nunca mas assinei um que não fosse realmente importante. Agilizamos nossa atividade, o que sem duvida contribuiu para uma boa administração.
Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN
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