11 DE AGOSTO –
Duas comemorações importantes neste dia. O aniversário de Aluízio Alves, que os jornais lembraram, e o Dia do Estudante, sobre o qual não li qualquer comentário.
Aluízio merece todos os encômios. Foi uma das maiores expressões políticas do Estado e deixou um marco definitivo como Governador. Sua atuação é de todos conhecida, e não preciso me alongar. Já tive oportunidade de me pronunciar sobre seu governo em outros momentos.
Mas, agora, lembrei-me de uma estória ótima. Logo após o movimento que nos salvou da cubanização, nos visitaram os americanos que foram o nosso primeiro contato com o povo do Maine, estado irmão do RN no programa Companheiros das Américas.
No dia 11 de agosto de 1964 estavam aqui, hospedados no Reis Magos. Todos sabiam dos acontecimentos políticos que levaram a saída de Jango. Tão poucos meses depois, não comentavam o assunto nem faziam perguntas.
Madrugada de 11, acordam com barulhos que lhes lembravam tiros ou explosões. Clement Hiebert (Clem), médico, simpático, bom papo, que se tornou meu amigo (hospedou meu filho até ele conseguir um apartamento na universidade) acordou assustado e certo que estava no meio de uma revolução. Pensou, os primeiros que vão pegar somos nós, americanos. E meteu-se debaixo da cama.
O telefone toca. Rasteja para atende-lo. Era um companheiro de viagem que lhe disse: “Ouviu os fogos? O povo nas ruas? Estão comemorando o aniversário do governador. Impressionante. Veja na sua janela”. Foi ver e ficou impressionado. Era o aniversário de Aluízio. Ele mesmo me contou essa estória.
Dia do Estudante. Lembro-me desse dia no meu tempo. Fazíamos brincadeiras que não atrapalhavam ninguém. No Atheneu, o máximo era passar sebo no trilho dos bondes, o que os fazia deslizar na Junqueira Ayres. O motorneiro, que já sabia da presepada, levava areia que colocava nos trilhos e seguia viagem. Não pagávamos as passagens, e o cobrador entendia. Comíamos e bebíamos de graça nos locais do Mercado ou em outros pontos, e os comerciantes aceitavam. Sem nenhum desrespeito à comunidade, sem atrapalhar o ir e vir das pessoas, sem causar problemas, sem motivações políticas. Para expressar nossas posições políticas usávamos outros meios, que também não prejudicavam ninguém. Outros tempos, que eu acho mais civilizados. E respeitávamos nossos professores.
Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN
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