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FEBEAPÁ –

Vendo os programas eleitorais, mais das vezes forçado, pois nos pegam de surpresa no meio da programação, lembrei-me dos livros de Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), o primeiro escrito em 1966, o segundo em 1967 e o terceiro e último em 1968. Porto morreu ainda muito moço, 53 anos, mas nos deixou estas três imperdíveis obras.

Para quem não se lembra, Febeapá é abreviação de “Festival de Besteiras que Assola o País”. Pesquisava em jornais, revistas, rádios, tvs, e outras fontes, colecionando e publicando o besteirol nacional, que apresenta nesses três  livros. O primeiro tem prefácio de Millôr Fernandes, fazendo uma apresentação do autor, que chama mais do que amigo, irmão escolhido, e elogia seu humor e estilo.

Li esses livros quando apareceram, cinquenta anos atrás. Quando vim morar em apartamento, doei grande parte de minha biblioteca, e eles foram no meio. Agir os reeditou em 2006, os três numa só publicação, e os comprei e reli. Nada me surpreendeu, pois parecem que foram escritos ontem.

Ao ver esses programas de besteirol dos candidatos, especialmente de vereadores, Ponte Preta veio a minha cabeça. E fui reler os livros dele. É incrível como parecem atuais! Os casos que relata continuam vivos no Brasil, uma coletânea de nonsense digno de novo estudo psicológico, melhor dizendo, exames de sanidade mental. E obrigatoriedade de um exame geral, incluindo especialmente o Português, para poderem ser candidatos.

Apesar das insinuações do ex-presidente Lula contra os concursos e concursados em geral, como seria bom se fosse instituído um concurso, fácil, se não a grande maioria seria reprovada, para poderem ter suas candidaturas homologadas. Incluindo um programa de leitura e exame de Português; talvez um pouco de História também fosse útil.

Íamos, claro, perder o humor que nos causa o excesso de besteirol, deixaríamos de rememorar Sergio Porto, mas que iríamos ter colegiados bem melhores, não resta dúvida.

Dalton Mello de Andrade Ex-secretario de Educação do RN  e Escritor

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