ASSIM É DEMAIS! –
Desnecessário afirmar que a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro está captando os holofotes da imprensa internacional para o Brasil. Em decorrência dessa exposição, todas as mazelas do país são dissecadas à exaustão e sem complacência.
Criticam eles a insegurança crônica imposta ao povo indefeso, o desemprego, a péssima qualidade da saúde e da educação, o custo de vida, a recessão esmagadora, a corrupção e a falta de perspectivas perante os monumentais índices deficitários resultantes de uma economia em frangalhos.
A nossa instabilidade política é também motivo de exploração. Denigrem ridicularizando o mundo político do Brasil, porque não admitem mantermos em cargos chaves da República, pessoas investigadas nos tribunais superiores por diferentes contravenções passíveis de cadeia.
São tantas e continuadas as notícias depreciativas, que certamente está gerando um potencial estado de temor no seio dos 10.500 atletas da competição e em mais de 6 milhões de compradores dos ingressos oferecidos. Esses estrangeiros chegarão ao país com um pé nas emoções das disputas e outro nos inúmeros riscos a que estarão sujeitos.
Chegam alertados para a possibilidade de serem assaltados em qualquer ambiente em que se encontrem, de serem vitimados por balas perdidas ou crimes violentos e para se precaverem da ameaça invisível da dengue, do zika e da chikungunya. É tudo verdade, porque nós os nativos deste Brasil varonil, padecemos de idênticas ameaças.
Acontece que no bojo dessa onda de negativismo explícito, o jornal The New York Times resolveu, mais uma vez, tirar sua casquinha. Alardeou que o Brasil está enfrentando uma epidemia de violência homofóbica, a qual rendeu ao país a infame classificação de lugar mais mortífero do mundo para gays, lésbicas, bissexuais e pessoas transgênero.
Afirmam que 1.600 pessoas foram mortas em ataques motivados por ódio nos últimos quatro anos, e que essas estatísticas são difíceis de conciliar “com a imagem do Brasil de sociedade aberta e tolerante. Uma nação que aparentemente nutre expressões livres de sexualidade durante o Carnaval e realiza a maior parada gay do mundo na cidade de São Paulo”.
Paradoxal é constatarmos que o dito jornal é um informativo de um país onde o preconceito contra negros é endêmico; possui o maior número de exterminadores individuais de agrupamentos de pessoas – em escolas, principalmente -; detém potencial intolerância ao povo muçulmano; e, massacra homossexuais às dezenas – triste lembrança do repulsivo atentado na boate gay em Orlando, na Flórida. Se isso não for violência homofóbica extremada, paciência!
É lamentável constatarmos o Brasil nesse descalabro de desacertos, mas o que ganharemos tirando o brilho da maior confraternização do planeta? Num mundo já tão conturbado, que reine a concórdia nos 19 dias da Olimpíada 2016. Repetindo o lema do evento, deixemos que o mundo “Viva sua paixão”… em paz.
José Narcelio Marques Sousa é engenheiro civil – [email protected]