José Narcelio Marques Sousa
A rotina, o desleixo e a deterioração da vida conjugal são algumas ou, provavelmente, as principais causas de crises em casamentos. É o que afiança quem se debruça sobre a temática do relacionamento a dois. E haja tratado ensinando como manter essa união consensual estável.
Na verdade de Shakespeare, existem mais mistérios entre o Céu e a Terra do que imagina nossa vã filosofia. Fica difícil, portanto, estabelecer as razões para desmoronamentos de matrimônios feitos para durar “até que a morte os separe”.
“Inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança” – disse o físico Stephen Hawking. Realmente, o casal que exercita sua capacidade de adaptação às inúmeras mudanças comportamentais num matrimônio, certamente, ele é constituído por pessoas inteligentes.
“Ah, isso só será possível se existir amor!” – dirão alguns. Duvido que somente o amor supere o desgaste decorrente da rotina exasperante e das dificuldades de toda ordem e dimensão, nesse relacionamento para lá de complexo.
Ouço falar das crises dos 3, 5, 7 e 15 anos de duração de casamentos. Nem sempre a parelha consegue resolver o problema no âmbito familiar. É quando recorrem à ajuda profissional de psicólogos ou conselheiros matrimoniais, para tentar salvar o dito, mediante terapia individual ou de casal. Até chegar a esse estágio, muito água terá passado por baixo do vão da ponte do suposto “mar de rosas” do enlace.
Em regra, eles ouvirão conselhos para amiudarem as conversações e tentarem descobrir as causas das insatisfações que tanto os maltratam. Adianto, que a falta de libido se sobressai entre os demais motivos. Não digo que o aconselhador resolva tudo, mas, pelo menos mostrará quais caminhos deve seguir o casal, para uma melhor convivência conjugal.
The little death ou Le petite mort ou A pequena morte, mais conhecido entre nós como orgasmo, quando ausente na união, acarreta inúmeros entreveros na vida do casal. Acompanha-o, na desestruturação sexual do lar, o fetiche e o masoquismo, quando mal entendidos. Nessa área identifiquei situações hilárias.
Certa esposa amava o marido, mas amargava insucesso num sexo sem orgasmos. Os procedimentos recorrentes em casos semelhantes, neles falharam. Foi quando o esposo recebeu a notícia da morte do pai, e caiu no choro. A parceira, excitada com as lágrimas de lamentação do órfão, conseguiu inúmeros orgasmos simultâneos naquele dia, e nos demais. Engravidou, e vivem felizes para sempre. É ele chorar e ela gozar. A tal distorção emocional dá-se o nome dacryphilia.
Identifiquei, na minha pesquisa, um caso de insucesso matrimonial por conta da somnophilia (excitação sexual por ver alguém dormir). Acordados, nada acontecia entre aquele casal, mas bastava sua esposa adormecer para ele se excitar. Quando o marmanjo procurava sexo com a dorminhoca, era rejeitado. A solução foi lhe aplicar sedativos para fazer a festa. Deitava e rolava com a madame aos roncos. Grávida, ela descobriu como havia emprenhado, foi à Justiça e anulou a união.
Por último, existe em Nova York, aquele marido insatisfeito após dez anos de fidelidade no matrimônio. Procurou aconselhamento profissional, e seguiu à risca a orientação de cometer adultério. O casamento degringolou e o casal processou o conselheiro. Alegação: o esposo inocente foi instado a “pular a cerca”. Coitado!
José Narcelio Marques Sousa, é engenheiro civil.
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