Rinaldo Barros

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”. (Chico Xavier)

Atualmente, imersos num cenário escuro de corrupção sistêmica, alta de juros, inflação nas alturas, desemprego crescente, milhões de famílias endividadas, insatisfação popular crescente, greves de diversas categorias profissionais, vácuo de liderança, ausência de governabilidade e de credibilidade do governo, e investidores fugindo do Brasil; há que se buscar a saída a partir de uma visão larga, acima dos interesses imediatos. É muita coisa negativa acontecendo de uma vez.

Pois bem. Em que pese o fato deste locutor que vos fala ser um agnóstico (pode ir ao dicionário), diante dessa situação tão difícil vivenciada hoje pelos brasileiros, arrisco-me a propor uma reflexão sobre o tema “Você não pode servir a Deus e ao dinheiro” (Mateus 6, 24), fundamentada no “ideal da cultura da Paz, a partir do esforço conjunto das religiões e das pessoas de boa vontade, para que todos contribuam na construção do bem comum, em vista de uma sociedade sem exclusão”.

Ou seja, para que todas as pessoas que vivem à margem do acesso ao consumo e sem cidadania, no limite da sobrevivência, possam ter verdadeiramente vida digna, no médio prazo. Esta discussão é oportuna e, certamente, trará à tona alguns debates sobre a maior contradição de nossa civilização.

Como e por que surgem os excluídos?

Todos sabemos que a crescente exclusão de milhões de adultos e crianças, em todo o mundo, é fruto da lógica concentradora (em busca do lucro máximo) do próprio sistema em que vive a humanidade inteira.

Concentrar e acumular (poder e riqueza), é a racionalidade montada em todas as relações sociais e econômicas capitalistas, perpassando todas as sociedades e, como não poderia deixar de ser, todos os interesses contraditórios em luta, a partir da divisão da sociedade em classes e camadas sociais; enfim, da divisão e do conflito de interesses.

A partir dessa ressalva, relembro que a questão dos excluídos é inseparável da construção da Democracia, na medida em que reclama a afirmação dos princípios da Igualdade, da Justiça e da Liberdade, como direitos universais de todos os seres humanos.

O caro (e) leitor já compreendeu que o mundo atual é capitalista e, óbvio, se encontra sob a égide do deus mercado. E, pior, do pós-modernismo, onde tudo é descartável, até mesmo a Verdade.

Somente para conferir: o sistema, ao afirmar que os imperativos do mercado são racionais e que, por si mesmos, são capazes de organizar a vida social, econômica e política, introduz a ideia de competição e competitividade como solo intransponível das relações sociais e individuais. Desta forma, transforma a violência econômica em modelo da ação humana e destrói toda possibilidade de Ética. Qualquer tipo de Ética.

O debate sobre a questão colocada por Mateus, segundo a qual “não se pode servir a Deus e ao dinheiro”, pondo em prática a própria Ética cristã; a meu ver, expõe frontalmente os postulados da ideologia vigente em nossa sociedade; dominada pela ganância e pelo consumismo.

Ah! Se os ensinamentos de Jesus fossem realmente seguidos e praticados em nossa sociedade!

Será que o poder estaria sendo exercido da forma corrompida como está hoje, no patropi?

Presenciamos em nosso país o agravamento da corrupção, miséria, fome, desnutrição, desemprego, favelização, analfabetismo, drogas, violência; ausência de segurança, justiça, saúde pública, escola e assistência social para a grande maioria da população. Sem falar na incerteza que ameaça todos os empreendimentos, impactando no fechamento de empresas, paralisando a economia, aumentando a exclusão.

O governo do PT – sem governabilidade e sem um projeto de Nação – não é capaz de uma autocrítica à situação ruinosa a que conduziu o país, e nunca se importou com o fato de que é sistêmico o crescimento da miséria de milhões de famílias, de milhões de crianças. Relembro que uma sociedade que não cuida de suas crianças não tem futuro; é suicida. Nosso país está sem governo, o impeachment é o remédio.

Somente novas lideranças nacionais serão capazes de fazer as reformas que o Brasil precisa.

Resta saber, este ano e em 2018, qual o posicionamento que será seguido pelo eleitor brasileiro.

Jesus vai ser traído mais uma vez? Mateus continuará sendo ignorado? Ou não?

Cá no meu canto, acendo uma vela no breu e torço para que, pelo menos, uma parcela da população acorde em tempo de evitar a iminente entrada da vaca no brejo!

 

Rinaldo Barros é professorrb@opiniaopolitica.com

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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