A ÁRVORE DO BRASIL –
O Brasil é o único país do mundo que foi batizado com nome de árvore. O pau-brasil é a árvore nacional, estabelece a lei 6.607 de 1978.
Dele também herdamos a qualificação da nacionalidade: brasileiros. O termo “eiro” denota profissão. O sufixo foi posto porque a mais antiga profissão da nossa terra era a de cortar o pau-brasil. Os índios cortavam o ibirapitanga, que iria pintar as vestimentas da nobreza europeia: reis, príncipes, autoridades eclesiásticas, fidalgos. Da família das leguminosas, o seu nome científico é Caesalpinia Echinata. Da madeira era retirado o corante para a tinta de escrever. Assim, talvez tenha servido a correspondências comerciais e notícias de amor.
A árvore que pode atingir uma altura de 30 metros, tem folhas compostas, bipinadas, com cinco a seis pares, com cerca de dez centímetros de comprimento. A pequenina flor amarela com pétala vermelha exibe toda a sua beleza nos meses de setembro e outubro. As vargens produzidas, quando secas, estalam e espalham as sementes o que facilita a reprodução. O seu habitat natural é a Mata Atlântica, tão devastada, do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro. Como no século XVI, já assentara Pero de Magalhães Gândavo no seu Tratado das Terras do Brasil. Aliás, o escritor português dá curiosa razão à sua cor: “O qual (pau do Brasil) se mostra claro ser produzido da quentura do sol, e criado com influência dos seus raios”.
O primeiro historiador do Brasil, frei Vicente de Salvador, não gostou nada que o capitão-mor Pedro Alves Cabral recomendasse o esquecimento do “primeiro nome Santa Cruz e que ficasse o de Brasil por causa de um pau de cor abrasada vermelha, que se tinge panos e do qual se tem muitos nessa terra”.
Portugueses, normandos e bretões vinham ao Brasil comercializar as toras de madeira em troca de tesouras, machados, facas, pentes, espelhos. O nosso Estado possuía as ibirapitangas não só em quantidade, mas em qualidade. Por isso, as margens do Potengi abrigaram muitos franceses, até que o Rei Felipe II da Espanha os mandasse expulsar.
Américo Vespúcio, que aqui veio tomar posse do Brasil chantando o Marco de Touros em nome do sereníssimo rei de Portugal (1501), notou a cobiçada presença arbórea. Também o aventureiro soldado alemão Hans Staden, prisioneiro dos tupinambás no Rio de Janeiro, registrou o costumeiro comércio com os dois povos europeus.
Um velho tupinambá espantou-se e perguntou: “Por que vêm vos outros franceses e portugueses buscarem lenhas de tão longe para poderem se alegrar. Não tendes árvores em vossas terras?”
Além de símbolo maior, o pau-brasil está presente na música, nas grandes orquestras do mundo na função de arcos de violino.
A nossa árvore já foi considerada em extinção. O Ministério do Meio Ambiente a enquadra como vulnerável. Várias iniciativas têm sido feitas para repovoá-lo. Destacamos uma. O Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, através do sempre louvado professor Laércio Segundo de Oliveira, fez chegar cem mudas às 79 universidades membros da Instituição, sendo então plantadas em todos os Estados brasileiros.
Sejamos bons brasileiros repondo as árvores que os nossos ancestrais cortaram.
Diógenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN
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