ARY BARROSO: 100 ANOS DE MÚSICA –
Ary Evangelista Barroso nasceu em Ubá, Minas Gerais, em 07 de novembro de 1903. Aos sete anos de idade ficou órfão de pai e mãe que morreram de tuberculose. Dona Angelina de Rezende Barroso, aos 21 anos. Dr. João Evangelista Barroso, Promotor Público, Deputado, aos 31 anos.
Ary passou a ser criado pela avó Gabriela Augusta de Rezende, e por sua tia, Rita Margarida de Rezende.
Tia Ritinha era professora de piano e durante muito tempo ensinou-o a Ary. Com os conhecimentos adquiridos começou a trabalhar como pianista no Cine Ideal. Aos 15 anos, compôs o cateretê “De Longe” e a marcha “Ubaenses Gloriosos”.
Quando tinha 17 anos morreu um tio muito querido que o nomeara herdeiro de uma pequena fortuna de 40 contos de réis. Após concluir os cursos primário e ginasial, viajou para o Rio de Janeiro em 1921, com o pretexto de formar-se em Direito. No entanto, em dois anos gastou todo o dinheiro levando uma vida de boemia, gratificando bem meretrizes e garçons na Capital Federal. Para sobreviver tocou piano em cinemas, cabarés e orquestras. Entrou para o teatro de revistas, participando de mais de 60 montagens, escrevendo roteiro, argumento e trilha.
Em 1929, terminou o Curso de Direito que durou nove anos. Em 1930, a marchinha Dá Nela ganhou o concurso de músicas para o Carnaval. Com o dinheiro conseguido pagou algumas dívidas e casou-se com Ivone Belfort de Arantes, filha da dona da pensão, em 26 de fevereiro de 1930.
Foi locutor esportivo, auxiliando Gagliano Neto na transmissão de corridas de automóveis no circuito da Gávea. Atuando no setor futebolístico, ficou famoso por tocar uma gaita de boca toda vez que era marcado um gol e também pela sua parcialidade pelo Flamengo. Era rubro-negro por completo.
Como radialista, criou o programa Hora do Calouro, revelando talentos como Dolores Duran, Elza Soares, Ângela Maria.
Como compositor, sua obra é constituída de mais de 320 músicas editadas. No entanto, teve diversos parceiros como Luiz Peixoto, Lamartine Babo, Benedito Lacerda, Noel Rosa, Nássara e Vinicius de Morais.
Aquarela do Brasil, o maior sucesso de Ary Barroso, teve seu lançamento em disco na voz de Francisco Alves. Silvio Caldas, Mário Reis, Orlando Silva, Ciro Monteiro, Carlos
Galhardo, Blecaute e Jamelão interpretaram seus sucessos. Entre as cantoras, Carmem Miranda foi a principal divulgadora de sua obra. Outras, como Aracy Cortês, Dalva de Oliveira, Dircinha e Linda Batista, Emilinha Borba, Aracy de Almeida, Elza Soares, Elizeth Cardoso, Nara Leão, Maria Betânia, Gal Costa, Elis Regina cantaram seu repertório. Também foi gravada por diversos artistas internacionais como Bing Crosey, Frank Sinatra, Xavier Cugat, Pedro Vargas, Libertad Lamarque e Bola de Nieve. Figura entre as 10 canções mais tocadas no mundo. Esse sucesso levou-o a Hollywood por duas vezes em 1944, convidado a criar canções para trilha de cinema. Foi vereador pela UDN e defendeu a construção do Estádio Maracanã, no local onde foi erguido. Contrariou a opinião de Carlos Lacerda que defendia a construção na Restinga de Jacarepaguá.
Fundou a União Brasileira dos Compositores e posteriormente a Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Editores de Música.
Outros sucessos, Você já foi à Bahia, Na Baixa do Sapateiro, Quindins de Iaiá, Morena Boca de Ouro, Faixa de Cetim, Terra Seca, Pra Machucar meu Coração, Na Virada da Montanha, Rio de Janeiro, Flor Tropical, Risque, Caco Velho, Folha Morta, É Luxo Só, As Três Lágrimas, Camisa Amarela, Faceira, Hino do Flamengo, Maria, Tá Faltando um Zero no Meu Ordenado, Trapo de Gente, Boneca de Piche, Inquietação, Rancho das Namoradas, No Rancho Fundo, Pierrô, Ocultei, Sem Ela, Vou à Penha, etc.
Faleceu no Rio de Janeiro, na noite de 09 de fevereiro de 1964. A Império Serrano entrava na avenida para o desfile carnavalesco com o enredo Aquarela do Brasil, numa homenagem a um dos maiores compositores do nosso País.
Lenilson Carvalho – Dentista e escritor
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