Décadas atrás, as mulheres eram submissas aos maridos, e suportavam caladas a “dor da traição”, se fossem casadas com homens mulherengos.
Nessa época, muitos fazendeiros ricos de um conhecido Estado nordestino, costumavam resolver, semanalmente, seus negócios comerciais e bancários na capital do Estado. Hospedavam-se no melhor hotel da cidade. Era uma maneira de juntar o útil ao agradável. Resolviam todos os assuntos importantes e, em seguida, deslocavam-se para o mais famoso cabaré da cidade.
À noite, voltavam para o hotel, e ali entregavam-se a uma famosa jogatina, que varava a madrugada, regada pelo mais legítimo whisky escocês. Estouravam dinheiro à vontade, perdendo ou ganhando.
Essas viagens à capital também serviam para que os maridos pudessem respirar melhor, longe das esposas, por quem já não nutriam qualquer atração física.
Enciumadas com essas repetidas viagens, as mulheres passaram a desconfiar dos maridos, achando que estavam sendo traídas. Por isso, começaram a exigir, que eles as levassem também nessas viagens semanais à capital do Estado.
Para acabar com as sucessivas brigas, os fazendeiros concordaram em levá-las. Ao chegarem à capital, Incentivavam que elas fossem fazer compras no comércio, passear pelas praias, ver coisas novas, contanto que, à noite, estivessem nos seus respectivos apartamentos, no hotel onde, costumeiramente, também passaram a se hospedar.
Dentro de pouco tempo, todas as esposas desses fazendeiros tornaram-se amigas e aprenderam a beber, gostando da liberdade que os maridos resolveram lhes dar.
À noite, enquanto os homens jogavam dentro do hotel, as esposas ficavam recolhidas nos apartamentos. O jogo entrava pela madrugada. Quando já estavam exaustos de beber e jogar e queriam encerrar o jogo, os homens anunciavam a última aposta da noite. Todos eles, então, jogavam na mesa, as chaves dos apartamentos onde estavam hospedados e onde as esposas os esperavam. Misturadas as chaves, cada um pegava uma e todos saíam, embriagados, em busca do quarto, cuja porta aquela chave abrisse.
Nessas alturas, as mulheres já haviam se “emancipado” na “arte” da infidelidade, por imposição dos próprios maridos, ricos, dominadores e pervertidos. Sujeitavam-se às propostas indecentes que deles partiam, em conluio com o grupo de comparsas, que participavam da orgia semanal, na capital do Estado. Faziam isso, como uma forma de vingança contra eles, que já não demonstravam atração física por elas.
Dizem que, certa vez, um conhecido fazendeiro, no final do jogo, por engano, pegou a chave do seu próprio apartamento. A esposa, embriagada, aguardava no seu quarto outro homem e não o próprio marido.
Na penumbra, ao reconhecer que quem se encontrava ali era o seu próprio esposo, a mulher, sob o efeito do álcool, deu um verdadeiro escândalo. Seus gritos ecoaram em todo o hotel:
– ALÉM DE NÃO SABER EMBARALHAR AS CARTAS DO BARALHO, VOCÊ NÃO SABE, SEQUER, EMBARALHAR AS CHAVES!!! NASCEU MESMO FOI PRA SER CORNO!!!
Todos os empregados do hotel ouviram esse escândalo, e eles mesmos se encarregaram de propagá-lo aos quatro cantos do mundo.
Todos os homens, que participavam da tal jogatina, foram traídos pelas esposas, por culpa deles próprios.
E a história se espalhou pela cidade, caindo no ridículo os machões milionários, que vinham de suas fazendas do interior do Estado, farrear na capital.