AS FLÁVIAS QUE HABITAM EM MIM –

Em meu ser, pulsa um universo de Flávias, cada uma com sua história, suas nuances e sua beleza singular. A Flávia menina, marcada pelas cicatrizes do bullying, recusou-se a ser silenciada. Erguendo sua voz contra a incompreensão e a baixa autoestima, ela travou batalhas épicas contra a opressão, tecendo a sua própria narrativa de resistência.

A Flávia adolescente, inconformada com os padrões impostos por uma sociedade patriarcal, rompeu as amarras que a prendiam. Em um ato de rebeldia, ela desbravou sua identidade e forjou sua própria força interior, surpreendendo a si mesma.

E, finalmente, surge a Flávia adulta, uma mulher radiante em paz consigo mesma. Transbordando amor-próprio, ela celebra cada centímetro do seu ser, desafiando os padrões ultrapassados e reivindicando seu espaço com absoluta convicção.

Nessa jornada de autoconhecimento, ela desvendou que a verdadeira beleza reside naquilo que emana de dentro, não em medidas ou proporções ditadas por uma sociedade misógina. É a luz que ilumina seus olhos, a força que pulsa em seus músculos, a resiliência que moldou seu caráter. É a liberdade de ser quem ela é, sem se importar com as expectativas alheias.

As diversas Flávias que coabitam em seu interior a ensinaram que a verdadeira beleza reside na autenticidade, na autoaceitação e na autoafirmação. É na valorização de cada detalhe, de cada imperfeição, que encontramos a essência da beleza feminina.

Em um manifesto contra a gordofobia e a cultura do corpo magro, ela ergue sua voz como um farol na noite, juntando-se a outras mulheres em busca de se libertarem das amarras da opressão. Basta de nos sentirmos menosprezadas por não nos encaixarmos em moldes padronizados! Chega de nos envergonharmos de nossas curvas e nos submetermos a dietas restritivas e procedimentos estéticos invasivos em busca de uma validação externa.

Somos todas lindas, cada uma à sua maneira. Temos o direito de nos amarmos e nos celebrarmos sem medo de críticas ou julgamentos. Chegou o momento de rompermos com os padrões impostos e construirmos uma sociedade onde a diversidade seja celebrada e a beleza seja reconhecida em todas as suas formas.

Mas a Flávia adulta não se limita a essa beleza convencional. Ela é uma explosão de peculiaridades, um caleidoscópio de hábitos excêntricos que a tornam ainda mais única e especial.

Adora devorar livros de trás para frente, se deliciando com a história em ordem invertida. Prefere assistir aos comerciais em vez de novelas, fascinada pela criatividade da publicidade. Encontra beleza no baterista discreto no fundo do palco, valorizando o ritmo que pulsa por trás da melodia principal.

Ela aprecia a água natural e o café esfriado na xícara, saboreando cada gota com apreciação. Desenforma e devora o bolo quente logo que sai do forno, incapaz de resistir à tentação do sabor fresco. Organiza a pia de forma peculiar, do menor para o maior, dos talheres às panelas, criando seu próprio sistema de ordem.

Troca travesseiros por rolos de lençóis, criando um ninho de conforto personalizado. Dorme com os pés fora da cama, desafiando as convenções tradicionais do sono. E dispensa o creme dental na escova de dentes, dispensando rituais mundanos em favor da praticidade.

Sua paixão por músicas alegres e dançantes contagia a todos ao seu redor. Gosta de sorrisos, gargalhadas e de se divertir pelos motivos mais simples. Ritualiza o cuidado com suas roupas, lavando-as, dobrando-as e guardando-as com carinho.

Mas, acima de tudo, a Flávia adulta é uma mulher madura, dona do seu corpo e das suas vontades. Ela sabe que suas manias, longe de serem um problema, são apenas um reflexo da sua personalidade única e autêntica.

Enquanto suas peculiaridades não interferirem em sua felicidade e bem-estar, ela não vê motivo para se preocupar com a opinião alheia. Afinal, gostar de bolo quente, café esfriado e água natural não a torna louca, apenas a torna… Flávia. Uma Flávia única, especial e absolutamente incrível!

Vamos juntos celebrar a beleza da mulher real, em toda sua plenitude e diversidade. Porque sim, podemos ser gostosas, bonitas, MASSA e felizes ao mesmo tempo! Simplesmente porque somos todas Flávias, Marias, Carmens, Adélias, Rosas… Somos todas mulheres. E mulheres são, por natureza, guerreiras, vencedoras e absolutamente incríveis!

 

 

 

Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora dos livros: As Esquinas da Minha Existência e As Flávias que Habitam em Mim, [email protected]

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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