AS NECESSIDADES DAS RELAÇÕES MULTILATERAIS –
Em diversas fases históricas, o Brasil se apresentou com relações multilaterais, mas, já foi completamente dependente da Inglaterra, principalmente no período monárquico, consequência da saída da família real de Portugal para o Brasil, e em alguns momentos duradouros em relação aos EUA, ao ponto do último período autoritário um Ministro dizer: “O que era bom para os Estados Unidos era bom para o Brasil”, em que pese os desmentidos.
O Brasil se industrializou a um custo muito alto de dificuldades, os produtos primários são produzidos em outra dimensão, diversificados, não dependentes da monocultura do café e do extrativismo da borracha, como no início da República, a alimentação da família brasileira é produzida basicamente na agricultura familiar, o país tem competitividade e uma vocação para o turismo receptivo, em que pese a abrupta diferença de classes sociais, causando uma exclusão de parcelas significativas da população.
O país vem tentando constituir blocos econômicos, políticos e culturais, como é o caso do MERCOSUL, com a unidade com países de língua portuguesa, com países da América Latina, com o BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul) já constituindo um Banco de Desenvolvimento, e abrindo relações com todos os países das mais diversas esferas geopolíticas.
A abertura das relações multilaterais significa também, não estar alinhado incondicionalmente, respeitar a pluralidade das nações, autodeterminação dos povos, e convivência pacífica. Procurar nas divergências soluções negociadas e duradouras, colocar-se pela paz e ser contra todo tipo de terrorismo, trabalhar pela cooperação, pela democracia, alternância de poder, pelos direitos humanos e sustentabilidade ecológica da casa comum, a mãe terra e modernizar a produção mineral evitando os desastres ecológicos e humanos, como aconteceram com Mariana e Brumadinho.
O Brasil neste início de Governo da União vem se colocando mal, principalmente em relação aos povos tradicionais, índios e afrodescendentes, pela tomada da posição em relação à transferência da Embaixada de Israel para Jerusalém, desagradando os Árabes, já afetando as exportações de frango para a Arábia Saudita, vetando a participação de países na posse do Presidente, algo que nunca aconteceu.
Hoje, o maior comprador de produtos brasileiros é a China continental, não é mais o fabuloso mercado Americano, e muitos dos nossos produtos são dirigidos para os para a União Europeia, que constituem um bloco, com um mercado exigente, em produtos de qualidade, como também, querendo saber como são produzidos, principalmente, em relação ao respeito ao meio ambiente e ao trabalho que não pode ser nem de longe considerado análogo ao de escravo.
A produção para a exportação, fator importante, para controlar a balança comercial, precisa o Brasil de produtos de qualidade, de produção limpa e justa, de rotas e portos, como o de Rotterdam, o país está inserido na civilidade mundial respeitando os postulados da convivência pacífica, e os seus interlocutores não estarem falando besteiras, como aconteceu em relação à Holanda, criando uma onda contrária ao país que precisa de relações multilaterais e com independência.
Evandro de Oliveira Borges – Advogado