ASPECTOS DO MERCADO DE TRABALHO –

Uma avaliação sobre o mercado de trabalho após a recessão econômica que atingiu vários países do mundo, entre eles o Brasil, mostra que às consequências da crise deixaram marcas profundas no nosso país, sobretudo no que se refere à recomposição das oportunidades de emprego.  Com cerca de 13 milhões de indivíduos à procura de trabalho, a taxa de desemprego atingiu 12,9% no trimestre encerrado em abril de 2017, correspondendo ao dobro da taxa verificada no fim de 2014, ano inicial da recessão terminada em 2016.

É importante observar que muitos trabalhadores emergiram da crise sem o devido preparo para enfrentar às mudanças ocorridas nas empresas, às quais procuram se adaptar às inovações tecnológicas, buscando novos profissionais habilitados no mercado.  Este novo cenário, tem dificultado à contratação de trabalhadores mais jovens e com baixa taxa de escolaridade, obrigando-os a aceitar trabalhos sem carteira assinada, ou correr o risco de abrir o seu próprio negócio. Especialistas advogam que à realização de investimentos em educação e treinamento para à requalificação da mão de obra, seria o caminho para aumentar às chances desses trabalhadores. Todavia, ainda há muito a ser feito !

Considerando-se o período entre o último trimestre de 2014 e o primeiro trimestre de 2017, veremos que a taxa de desemprego das pessoas sem instrução e das que tinham ensino fundamental completo foi a que mais aumentou, cerca de 123% e 117%, respectivamente, ao passo que entre os indivíduos com ensino médio e os que possuíam formação superior, esse aumento foi de 108%. Ou seja, além da recessão ter influenciado na taxa média de desemprego, penalizando severamente à mão de obra menos escolarizada, também ajudou na desestruturação da construção civil.

Tradicionalmente responsável pela absorção de mão de obra menos qualificada, o setor da construção suprimiu cerca de 1,17 milhão de postos de trabalho, no período de 2015 a abril de 2017, representando 15% da força de trabalho ocupada antes do início da crise econômica. No mesmo período, a indústria também desligou 1,72 milhão de pessoas, o equivalente a 13% do pessoal ocupado no final de 2014.

Mesmo sendo responsáveis por demissões em massa, esses setores caminharam em sentidos opostos. Enquanto a construção civil continua demitindo, a indústria sinaliza para um processo de contratações, que vem sendo responsável pela redução da taxa de desocupação no último ano, ainda que de forma tímida. Depois de cair para 11,8% ao final de 2017, a taxa de desemprego voltou a subir para 13,1% em março deste ano, excedendo a todas às expectativas.

Para os especialistas da Fundação Getúlio Vargas(FGV), “a recuperação lenta do mercado de trabalho é reflexo do ritmo vagaroso da retomada da economia como um todo, agravado pela paralisação dos caminhoneiros e pela volatilidade no mercado de capitais e na taxa de câmbio”. Deve-se ressaltar que, a partir do segundo trimestre de 2017, a retomada dos empregos está sendo caracterizada pela oferta de postos de trabalho sem carteira assinada, pela transformação de desempregados em empreendedores por conta própria e pela decisão de pessoas que estavam fora do mercado de procurar emprego. Em função desse comportamento do mercado, foi possível acrescentar-se cerca de 1,8 milhão de trabalhadores à população ocupada.

Todavia, como no Brasil o setor formal é quatro vezes mais produtivo do que o informal, a ampliação da informalidade ameniza o desemprego, porém reduz o potencial de recuperação. Na visão dos especialistas, ”o aumento do emprego em firmas informais e pouco eficientes ajuda a explicar a queda de 3,6% na produtividade do trabalho, no período entre 2014 e 2017”.

 

 

Antoir Mendes SantosEconomista

 

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