ASSÉDIO DE TRÊS FIGURAS FEMININAS –

Recordo da época em que nos campos de futebol, onde atuava como goleiro, jogava mesmo com o dedo quebrado enrolado por faixas, ou com o corpo marcado por machucados, sem permitir que a dor interferisse na minha determinação de vencer.

Tempos depois, dediquei-me as corridas de rua em cidades mundo afora, uma experiencia repleta de alegria e satisfação, por sempre conhecer novas paisagens, permitindo-me explorar culturas diversas, além de conviver com a energia da multidão, camaradagem com outros atletas e superação de desafios físicos e mentais, enchendo-me de felicidade duradoura e senso de realização, tempo em que contusões nunca me atormentavam.

Recentemente, já quando Deus começou a pintar meus cabelos de branco, apesar de praticar exercícios físicos com habitual frequência, e manter o organismo sob controle com a ajuda de profissionais especializados, as dores parecem ter se apaixonado por mim.

E tudo aconteceu faz dois anos, quando fui, logo eu casado há mais de quatro décadas, violentamente assediado, no mesmo dia, por três populares personagens femininas, que chegaram a me sugar o sangue, e desde então tudo parece uma saga interminável, pois elas, cada uma com seu charme, todos devastadores, teimam em não largar meu pescoço.

Essas ternas figuras, popularmente conhecidas por Zica, Dengue e Chikungunya, verdadeira tríade sombria e ameaçadora para seus clientes cativos, insistem em me acompanhar, exigindo vigilância constante e uma resistência que, muitas vezes, parece difícil manter, conseguiram reeducar minha percepção da saúde e bem-estar, tornando evidente a necessidade do combate continuo de suas influências, principalmente através da pratica do esporte.

Foi assim que o ditado “se não podemos exterminar os inimigos, devemos a ele nos aliar”, me ensinou a mudar a abordagem em relação à dor, promovendo uma convivência mais pacífica e construtiva. Ao invés de lutar contra algo inevitável, aos poucos fui aprendendo a integrá-lo à minha vida de forma positiva, transformando a adversidade em uma oportunidade de crescimento e até felicidade.

 

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

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