AULA DE INGLÊS –

Lendo e relendo a agradável crônica de Rubem Braga (1913 – 1990 ), Aula de Inglês (1945), veio à lembrança de uma passagem que aconteceu comigo, que lembra o que foi relatado pelo capixaba, considerado o príncipe da crônica brasileira.

O fato ocorreu pelos anos de 1972, com a chegada a Natal do navio-hospital americano SS HOPE (Health Opportunities for People Everywhere: Oportunidade de saúde para o povo em todas as partes).

Um belo e bem planejado projeto, que tinha como objetivo central a capacitação e troca de experiências médicas, com um programa assistencial voltado para toda a população do Estado.

Havia um grande interesse no meio acadêmico e nos Departamentos de ensino médicos, daí a necessidade do aprendizado e da desenvoltura da língua americana.

Para tanto, foi organizado, na Faculdade de Medicina, um curso básico de conversação em inglês para os professores, com a contratação de uma conceituada professora. Anúncio feito e muito bem aceito pelos docentes, altamente interessados com a nova e enriquecedora proposta.

O local escolhido foi anfiteatro da Faculdade de Medicina. A aula inaugural foi realizada com uma super lotação, muito interesse e disposição a mil. Tomei assento bem na frente, tentando tirar o maior proveito possível. A professora fez a sua devida e valiosa apresentação e, em seguida, olhou para o aluno mais próximo (eu) e fez a seguinte pergunta de praxe: My name is?

Orgulhoso e envaidecido por ter sido o primeiro escolhido, respondi, com vibrante entusiasmo:

– My name is BÉ-RI-LO, com a forte pronúncia pra rachar em cima do BÉ, esnobando o mais puro e inflexível sotaque arrastado do inglês do sertão de Caicó.

O anfiteatro quase vai abaixo com uma uníssona e gigantesca gargalhada. Fiquei vermelho, desatinado de vergonha e de cabeça abaixada.

Não mais me sentei na frente e segui com as lições bem estudadas, sofrendo as infernizadas e infindáveis gozações dos colegas.

Que vergonha!

 

 

Berilo de Castro – Médico e Escritor,  [email protected]

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