Os conflitos na capital da Líbia, Trípoli, deixaram 47 mortos e 181 feridos, informou nesta terça (9) a Organização das Nações Unidas (ONU). Os embates na cidade já duram pelo menos três dias. Na segunda-feira, forças do leste do país atingiram o aeroporto de Trípoli com ataques aéreos, e, em seguida, ele foi fechado pelas autoridades do governo local.
Os números apontados pela ONU são mais altos que os anteriores. Segundo o comunicado da entidade, a quantidade parece se referir, na maior parte, de combatentes, mas também inclui alguns civis e dois médicos, afirma a agência de notícias Reuters. A Organização Mundial de Saúde (OMS), órgão de saúde da ONU, informou que o novo levantamento foi constatado por estabelecimentos locais.
O país passa por confrontos entre o governo internacionalmente reconhecido, sediado em Trípoli, e o Exército Nacional Líbio (LNA), que tomou o leste do país, com lideranças estabelecidas na cidade de Bengazi. Comandado pelo ex-general Khalifa Haftar, o LNA lançou, na semana passada, um avanço sobre a capital.
Também nesta terça (9), a Reuters informou que um grupo leal ao Estado Islâmico matou três pessoas e sequestrou outra na cidade de Fuqaha, região central da Líbia, a cerca de 830km de Trípoli. A cidade é controlada por combatentes leais a Haftar, diz a agência.
As forças do LNA tomaram o deserto da Líbia no início deste ano, antes de partirem para Trípoli neste mês, onde estão abrigadas na parte sul. O governo do primeiro-ministro, Fayez al-Serraj, busca bloqueá-los com a ajuda de grupos armados que saíram da cidade de Misrata, no litoral, em picapes equipadas com metralhadoras.
A alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu nesta terça (9) que as partes em conflito na Líbia lembrem de suas obrigações com o direito internacional e assegurem a proteção dos civis. Ela destacou o ataque ao aeroporto de Trípoli na segunda-feira e ressaltou que tais ações, em que os alvos são civis indiscriminados, podem constituir crimes de guerra.
As ofensivas dos últimos dias no país intensificam uma luta pelo poder que fraturou o território desde a derrubada de Kadhafi, em 2011. A guerra ameaça interromper o fornecimento de petróleo e gás, desencadear uma maior migração para a Europa e acabar com as esperanças da ONU para uma eleição.
O líder do LNA, o ex-general Khalifa Haftar, de 75 anos, se considera um inimigo do extremismo islâmico, mas é visto pelos opositores como um novo ditador nos moldes do ditador Muammar Kadhafi, morto em 2011. Ele tem apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos — que o veem como um baluarte contra os islamistas radicais e o apoiam militarmente, de acordo com relatórios da ONU.
Mesmo os Emirados Árabes, no entanto, juntaram-se aos países ocidentais para expressar profunda preocupação com os combates.
Fonte: G1
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