Impossibilitado de reduzir gastos na proporção suficiente para cumprir a meta de superavit primário, o governo vem concentrando esforços para aumentar impostos. Desde 2014, o Executivo não consegue fechar as contas e só em 2015 o rombo foi de R$ 111 bilhões. Sem disposição para cortar na própria carne, o que por si só é incompreensível, o governo está afazendo com que os brasileiros paguem mais tributos, o que vai piorar ainda mais, caso as novas propostas sejam aprovadas. Muitos economistas dizem que a equipe econômica superestima as projeções de aumento na arrecadação. E alertam de que, mesmo com todo esse aumento, ela não será suficiente para tapar o buraco.
O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mostra que, apenas na esfera federal, 10 tributos foram majorados entre 2015 e o início deste ano. A equipe econômica encareceu o financiamento para pessoas físicas, tributou importações, reduziu crédito de exportadores, suspendeu isenções e aumentou alíquotas de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de vários produtos. Na prática, os brasileiros vão gastar mais para comprar produtos como computadores, tablets, smartphones, vinhos e bebidas destiladas. O arrocho chegou até na sobremesa, porque chocolate e sorvetes terão o IPI elevado a partir de maio.
A maioria dos estados também aumentaram o ICMS, o que afetará irremediavelmente toda a cadeia de consumo. O comércio vai repassar o aumento para os preços, e as pessoas vão comprar muito menos. Ou seja, aumentar impostos para se arrecadar mais não passa de uma grande ilusão. Na vizinha Argentina o presidente Macri percebeu isso e está fazendo exatamente o contrário. Afinal, a pergunta que não quer calar: por que não começamos a imitar os hermanos?