AVENTURA NA PRAÇA DO MONTEPIO –
Depois de tantos casos amorosos interrompidos, agora parece que Germinia estava dando certo com o novo amado; apesar disso Jesualdo contou, que a sobrinha não parecia feliz, pois desejava realizar ao menos um sonho erótico antes de perder o libido.
Já há muito tempo buscava convencer o parceiro que deveriam tentar mais uma vez praticar uma peraltice sexual. Ele, desdenhava, temeroso com um possível desfecho errado.
Agora Germinia desejava se vestir de prostituta e ser levada pelo parceiro para um dos motéis de Maceió. Seria para ela o apogeu. Mas antes tinha que ser conquistada.
Finalmente chegaram a um consenso. Ela foi em uma dessas lojas tipo sex shop, adquiriu roupas e artefatos como batom e outras maquiagens, que a caracterizariam tal qual uma autêntica vedete, estilo Moulin Rouge de Paris.
O plano era simples: Germinia se vestiria a caráter, saia curta com babado e blusa justa, em cores fortes, deixando o umbigo a mostra, pintura extravagante no rosto, sapatos e meias contrastando com o restante das vestes. Perfume a valer, para sua presença ser sentida com metros de distância.
Já prontos, sairiam no início da noite e o noivo a deixaria na esquina da Praça do Montepio no centro de Maceió, e imediatamente retornaria para lhe resgatar como se fosse uma mulher de programa. Esse era o sonho de consumo de Germinia.
Tudo aconteceu como planejado, em parte. Germinia foi largada no local combinado, por volta das 20 horas de uma sexta feira, e, ansiosa por ser “desejada ferozmente”, ficou fazendo pose, andando de um lado para outro, balançando a bolsinha.
Logo após dar a volta no quarteirão, retornou o noivo de Germinia, que não a enxergou no local combinado. Deu sinal de luz para chamar atenção, e nada. Parou mais adiante, desceu do veículo e caminhou ao redor da estátua de Bráulio Cavalcanti.
Ao escutar um gemido, para sua surpresa, viu que sua amada estava sentada em um dos degraus da Faculdade de Direito, cabelos despenteados, pés descalços, ronchas nos braços, mordida no pescoço e chorando muito.
Parecia que tinha sido atropelada por uma carreta de seis eixos. Saia e meias rasgadas, um peito caído por fora da blusa, a maquiagem toda borrada, mais parecendo o Coringa do Batman em final de festa. Tudo isso aconteceu em menos de cinco minutos.
Levando-a de volta para o carro, perguntou o que tinha acontecido. Germinia contou que assim que foi deixada, quatro mulheres apareceram e perguntaram o que estava fazendo ali. Que aquele ponto tinha dono e não era assim que entrava sem permissão.
Em resposta falou que estava esperando o noivo. Uma delas gritou: “você tem noivo, sua quenga!” e juntas baixaram o cacete em Germinia, que levou sozinha, uma surra que seria para dez pessoas.
Mais um sonho erótico que não deu certo. Fico impressionado como tudo acontece com Jesualdo e Germinia.
Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras
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