Fernando Jorge
Pois é. Balançaram a empresa.
É com muita tristeza que leio o noticiário de todos os dias quando mencionam a PETROBRAS.
Empresa onde passei os últimos trinta anos de minha vida. Trabalhando, aprendendo, fazendo amigos e conseguindo trazer o sustento para minha família.
Trouxe dali grandes exemplos e aprendizados, profissionais e de vida.
Uma grande empresa, que sempre demonstrou preocupação, em sua essência, com o bem estar das pessoas e do meio ambiente, apesar de ter que produzir capital e ter como consequência o lucro para seus investidores.
Fui testemunha durante esse tempo, do progresso de cidades como Mossoró, assim como outras cidades no Rio Grande do Norte, e de Macaé e Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro. Aonde chegava a Petrobras com seu trabalho, alavancava tudo que estava em torno das cidades. Todos ganhavam com a Petrobras, direta ou indiretamente. Era o máximo!
Empresa com a qual nunca faltou apoio à saúde, escola e, sobretudo, uma condição financeira adequada aos cargos e às funções exercidas por mim durante todo esse tempo de trabalho.
Como disse, trabalhei por trinta longos anos nessa empresa, e nunca, nunca mesmo, a empresa atrasou um dia sequer dos meus vencimentos. Era sua obrigação, mas muito importante essa postura.
Ao me aposentar recentemente, numa decisão amadurecida, diante da necessidade de melhor cuidar de mim, da saúde, e de poder estar mais perto da família, digo que foi difícil, mas bem resolvida.
É claro que sinto saudades dos bons tempos em que a empresa crescia a olhos vistos, de forma sustentável e a passos largos, dando sua contribuição para o progresso do Brasil e tornando o país cada vez mais independente do quesito Petróleo.
Fiz de propósito esse relato como contraponto da situação hoje instaurada na Companhia.
O balanço da empresa do exercício 2014 foi somente agora publicado, e às duras penas, pela correta imposição da empresa de auditoria independente que precisava conhecer o “rombo” (roubo) pelo qual a empresa foi saqueada para poder dar o seu parecer, com as ressalvas correspondentes.
E o que vimos nesse balanço? LASTIMÁVEL. Um prejuízo de 22 bilhões.
É bom acordamos e lembrar a todos o seguinte: O levantamento dos prejuízos causados pela corrupção incluídos como PERDAS no balanço de 2014 refere-se ao período de 2004 a 2014. Não precisa nem dizer quem estava no governo durante esse período. Todos já sabem, mas eles “não sabiam de nada”.
Recordemos: A Presidenta está vinculada à Petrobras desde a chegada do Presidente Lula no governo. Foi Ministra das Minas e Energia e Presidente do Conselho de Administração da Petrobras.
Apenas como um dado adicional e importante, por volta do ano de 1999, a Petrobras adquiriu e implantou um software de um sistema de gestão integrado, comprado da SAP (empresa Alemã) visando dotar a empresa de condições de controles mais eficientes no sentido de resguardar-se de possíveis fraudes, em função principalmente das exigências da Lei Sarbanes Oxley (estabelecida nos EUA para as empresas que negociam suas ações no mercado americano de capitais).
Por mais que fossem pensados controles e mais controles, é muito difícil controlar um esquema de corrupção quando este é praticado pelo mais alto escalão da organização.
Foi o caso da Petrobras.
Se olharmos com cuidado para os negócios da Petrobras, vimos que as grandes contratações estão sendo realizadas através da modalidade do CONVITE. Fato permitido através do Decreto 2.745.
Convenhamos. Eu só convido para minha festa àqueles que gosto, do meu círculo íntimo. Não precisa dizer mais nada. Estão aí às respostas na Operação Lava Jato.
Informação importante: No site da Petrobras existe a informação sobre TODOS os contratos que foram assinados, por ano e por mês, conforme exigência da lei da transparência. Está contida nestas informações uma coluna que se refere à modalidade da contratação.
Então meus amigos vêm a maior piada: Os acionistas não receberão os seus dividendos e nem os empregados, onde me incluo, não receberão a participação nos lucros.
Digam-me: O que é que os acionistas e os empregados têm a ver com esse roubo? Absolutamente nada.
Enquanto os acionistas colocavam o seu dinheiro nos investimentos da Companhia, na esperança de ver o seu capital crescer, de forma natural e convencional, os larápios com seus imensos tentáculos alcançavam o maior esquema de corrupção já visto nesse país.
Esse roubo conseguiu transformar o caso Mensalão numa grande brincadeira de roda.
E os empregados? Trabalharam nas plataformas marítimas e nos campos terrestres de produção, e ainda longe de suas famílias, e chegam ao final desse balanço e recebem como notícia é que a participação nos resultados será simbólica, apenas com a consideração de cumprimento de metas. Poupem-me!
É LAMENTÁVEL.
E o que esperar dos Sindicatos dos empregados? Acredito que muito pouco, pois são muito politizados e estão vinculados em sua maioria ao partido político da Presidenta ou a algum partido que faz parte de sua base política no Congresso.
Enfim. Nossa esperança está depositada como sempre em nossos colegas Petroleiros que com certeza reerguerão essa grande empresa.
É esperar e torcer.
Fernando Jorge – Contabilista, cidadão e Petroleiro Aposentado.