O Baobá da Rua São José, no bairro de Lagoa Seca, é o Baobá desenhado em O Pequeno Príncipe por Saint-Exupéry, metade do povo e eu acreditamos.
Adquiri o terreno para a preservação da árvore, em 1991. O fato motivou registros em revistas e jornais. O La Stampa, de Turim, abriu manchete:
“Salvato il baobab del Piccolo Principe.”
O Baobá de Natal encanta os visitantes, com suas raízes, talvez, milenares, fascínio das flores e dimensão do seu tronco, que chega a dezenove metros de circunferência.
A monumentalidade do Baobá torna pouco visível a sua flor. A floração maravilhosa ocorre entre os meses de dezembro e fevereiro. Um botão verde nasce, do tamanho de uma laranja, abre-se flor em branco, torna-se creme, marrom, e termina aveludada com leve tom violeta.
Será mesmo, o nosso, o Baobá do Pequeno Príncipe? O que se diz é lenda? É história?
De fato, há grande semelhança entre o nosso Baobá em relação à sua espécie, folhagem e tronco. É sabido a existência de pelo menos dez tipos de baobás. A maioria deles desprovida de folhas, são como raízes pairando no ar.
O aviador Antoine de Saint-Exupéry esteve em Natal e hospedou-se na casa de Dona Amelinha, a Viúva Machado, proprietária, à época, do terreno onde o Baobá eleva o seu império. Há depoimentos confirmando ter Saint-Exupéry referido-se ao pôr do sol do Potengi como um dos mais belos espetáculos do mundo. O elefante, um dos desenhos do clássico livro, é símbolo do Rio Grande do Norte, pela semelhançada sua forma com o mapa do Estado. E a estrela, cometa, o brasão da Cidade do Natal. Em livro póstumo, Cartas à sua mãe, há um trecho onde Exupéry, descrevendo sua viagem, diz que “Dacar é bem feia, mas o resto da linha, uma maravilha”. O resto da linha, aérea, começava em Natal.
Árvore simbólica, o Baobá tem recebido a visita de colegiais para aulas interativas e representação teatral. Falo aos meninos sobre a importância da ecologia, dos valores cultuados pelo Principezinho, como: amizade, amor, fé, confiança, respeito à natureza, esperança. Sob a orientação dos professores, eles pesquisam, escrevem, desenham, teatralizam a história do piloto-escritor.
Na lírica e pitoresca história circense não deve ter havido representação mais expressiva. O dono de um circo que passava por Natal visitou o Baobá do Poeta. Entusiasmou-se. Levou notícia do que tinha visto e ouvido à sua trupe. Decidiram homenagear a árvore. No dia seguinte, dançarinas circundavam o Baobá, elefantes, camelos, mágicos, palhaços, exibiram os seus talentos e celebraram A Árvore.
Em 6 de maio de 2009, Natal e o seu Baobá receberam a visita especializada do sobrinho-neto de Saint-Exupéry, o engenheiro François D’Agray, que responde pelo acervo do escritor e que, ao contemplar a imensidão da árvore, afirmou:
“Lenda é história.”
Setenta anos completados do desaparecimento de Saint-Ex e ele e o seu baobá continuam mais vivos do que nunca.
Diógenes da Cunha Lima – Advogado, Professor, Poeta, Escritor, Presidente da Academia Norte-riograndense de Letras diogenes@dcl.adv.br
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