BARBÁRIE –

Cenas de cortar o coração nos foram mostradas nessa última semana, quando do bombardeio russo a um teatro que servia de abrigo para civis, em Mariupol, cidade situada no sudeste da Ucrânia. O absurdo é que a predominância da população abrigada consistia em mulheres, crianças e idosos. E como se não bastasse, constava a inscrição “crianças” gravada no piso, na área de entrada e nos fundos da edificação, numa tentativa de salvaguardar os ocupantes do teatro de ataques aéreos.

A tudo isso assistimos a cores e ao vivo, em tempo real, graças aos avanços tecnológicos da atualidade. Imagens fortes de sofrimento, dor e lágrimas. Cenas chocantes de destruição de escolas, hospitais, mesquitas, igrejas, museus, que alimentaram a perplexidade da totalidade dos países do planeta, mediante imagens obtidas por drones e satélites.

Dois e meio milhões de ucranianos deixaram o país de origem, gerando comoção generalizada na maioria dos países. Justo, muito justo! É o espírito de solidariedade sendo despertado.  Atitude que não foi vista quando barcaças inseguras transportando famílias negras fugindo do extermínio em suas pátrias africanas, procuravam aportar à procura de sobrevivência em nações europeias. Lembrem-se, o número de apelantes estava longe, muito longe dos milhões.

É inimaginável que estejamos vivenciando as cenas deploráveis de uma guerra real, com perspectivas de descambar para algo sem controle, em pleno século XXI. Algo que pode envolver todo o mundo civilizado, com menos de um século de ocorrência do segundo grande conflito mundial.

O pior de tudo é que, em caso de conflagração de uma III Grande Guerra, existirá a forte possibilidade de utilização dos arsenais nucleares em mãos das grandes potências do planeta. Fato esse que fará parecer a artilharia russa utilizada contra a Ucrânia, ante o poderio das ogivas radioativas, meros rojões confeccionados em fundos de quintais.

Não pode ser possível que tenhamos esquecido os exemplos de barbárie cometidos contra o povo judeu, quando seis milhões de vidas foram ceifadas impiedosamente, na II Guerra Mundial. Será que já esquecemos o total estimado de 80 milhões de pessoas que pereceram naquele conflito, o que representava 3% da população mundial de 1940? Como sinal de alerta, cabe divulgar tais estatísticas antes de qualquer gesto tresloucado ou de insensatez.

Se o que dizem os noticiários for verdadeiro, que os jovens soldados russos envolvidos na “operação especial” contra a Ucrânia, não sabem o porquê de estarem lutando contra irmãos de sangue, e que não abandonam os campos de batalha com receio das consequências danosos para si e suas famílias, isso nos parece um sinal de reflexão sadia.

Entendo que seria bem aceito um movimento como aquele dos anos 70, que resultou no festival de Woodstock. Juventude, que embora mal compreendida porquanto exaltar muito mais sexo, drogas e rock’n’roll, no âmago pretendia rejeitar a violência da guerra como maneira de alcançar a felicidade. Que negava o ódio exaltando uma mensagem de generosidade e sabedoria ao pregar “faça amor, não faça a guerra”.

 

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro Civil

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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