BATALHAS VENCIDAS – 

Algumas coisas são difíceis. Difíceis de viver, difíceis de esquecer. Algumas batalhas são cruéis demais. Em certos momentos discutimos com alguém. Por causa de política, futebol, herança. Perdemos a essência, desfazemos laços. É assustador perder a essência, permitir que alguém nos tire algo tão nosso. Um preço muito alto a ser pago… E os laços? Quando não são para existir, transformam-se ou em fitas afastadas ou em nós. Ambos devem ser deixados de lado, guardados na gaveta da cômoda da memória. Tiveram sua utilidade, ensinaram-nos algo. Acabou!

Entretanto, as piores batalhas são as guerreadas dentro de nós mesmos. Corpo ou mente. Uma batalha injusta, pois perdendo ou ganhando, sempre as cicatrizes ficam ali. E o pior, a sensação de vazio.

Como quando lutamos incansavelmente para caber no padrão estético que a sociedade exige, mas que não faz parte de nossa genética. Passamos meses contando calorias, analisando os rótulos no supermercado e suas quantidades de sódio e carboidratos, temendo os números na balança digital. Passamos meses encarando nosso reflexo no espelho, as gordurinhas em locais indesejados, os fios brancos insistindo em surgirem ou o chão cheio de cabelos demonstrando a inclusão do termo careca ao vocabulário de características físicas. Vamos às lojas e vemos calças 36 ou 38 que não nos cabem, como se isso fosse vergonhoso ou obrigatório. Não é uma coisa nem outra! Apenas não nos cabem!

Outras batalhas, as da alma, são também atrozes. As vozes ouvidas no silêncio da casa nos dizendo que não somos bons o bastante, que estamos sozinhos, que não somos merecedores do que temos. Ou apenas o silêncio, alto e ensurdecedor, confirmando uma solidão devastadora. Como a derrota do Brasil na Copa em pleno Maracanã lá nos anos 1950: um silêncio ensurdecedor. Repetido em 2014. Novo silêncio…

Por que permitimos isso? Por que lutamos contra nós mesmos? Por que não nos aliamos a nossa força e aceitamos que somos mais do que vemos no espelho? Somos reflexo de um Deus lindo e cheio de compaixão, que não se preocupa se nossa calça não está na moda, se nosso corpo não está definido, porque a definição que

Ele nos pede é Amor e talvez seja exatamente isto que nos esteja faltando.

Amor e Amar…

A nós mesmos…

 

 

 

Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, Professora universitária e Escritora

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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