que se unem. Aos olhos alheios, unidade partidária, coligação, ambas desapareceram para dar lugar a um consórcio, onde o partido menor nunca é sorteado. No meu entendimento virou tribo, facção e não tem quem junte os pedaços depois. Prefeitos, vereadores, líderes municipais, votam pacotes de candidatos díspares, de governador a senador, de deputado federal e estadual, como se fossem salada de frutas, ou coquetel exótico de bruxaria. A continuar assim, vamos chegar ao tempo de desarmar os frutos e até mesmo ao de querer desviver o tempo, ominoso e fatal para a coletividade.
A reforma eleitoral neste país, é tema mais batido do que caminho de cemitério. Com o “fundão eleitoral”, o processo virou uma ação
orquestrada que caracteriza as relações íntimas entre os lobos ideológicos contra pseudos pastores teólogicos. Presume-se, com o andar da carruagem, que estamos sob o fascínio do desconhecido, do buraco negro. A caixa preta do segundo turno está rondando a ressaca eleitoral dos candidatos. A hegemonia política de muitos líderes está morrendo. É o processo depurativo das figuras messiânicas, de megafone em punho, entoando chavões pela recuperação financeira do país e do Rio Grande do Norte. Esse caldeamento político dos nossos dias, é igual a despacho de encruzilhada. Lembrei-me daquele acordo de paz pública, no passado. Não há como acomodar numa mesa apetites tão difusos, confusos e obtusos. É por isso que bate forte o tambor da imprevisibilidade.
Garimpando o pensamento do saudoso natalense João Sena, li essa jóia: “O ser humano não só morre quando desencarna, mas também, quando se desencanta”. E casados no desencanto continuam vivendo o povo e os políticos. Chegaram à exaustão. A praça pública virou banco de tormento. O povo aplaude mais os músicos do que os oradores. Todo orador, é um chato, cansativo e tedioso. Quando o candidato fala, o povo se afasta. Mas, o liseu não está no meio do mundo, pois o importante é não cair a Bastilha. Isso conforta os candidatos que se exporão tanto ao sereno, quanto ao sol, à chuva e ao mormaço das penosas aglomerações. São as fases da vida pública. Outro filósofo, já dizia “que a vida é feita de fases e de fezes”. As fases são as estações, as metamorfoses, e as fezes, o consumismo humano do Fundão. Outro fato relevante, que não dá para entender, são as pesquisas açodadas. Lembrei-me de Chesterton quando disse que “os vícios são as virtudes enlouquecidas”. Será que o povo brasileiro é tão volúvel assim? Essa eleição, face os perigos redibitórios, é uma esfinge? Antigamente, o silêncio antecedia o pleito, sem emitir sinais de mistérios, como a eleição presidencial deste ano. A sinfonia outonal vai deixar para trás, em outubro, muito candidato que empreende voo cego, impensado, sem bússola e sem bossa. Eu me recordo de Assis Besouro, experiente marqueteiro potiguar, explicando a situação daquele tempo (1998), das divergências do PMDB, PT, PSDB e etc., – com aquela fisionomia de permanente mormaço,
proveniente das andanças políticas pelo Rio Grande do Norte – “que tudo numa eleição é estratégico”. Daí, ter surgido hoje, o orçamento secreto. E é fato que nas estações da política, as notas caem. E o outono chega. Pois eleição que não se ganha, se toma, dizem.
Napoleão Bonaparte admitiu apenas duas potências no mundo: “a espada e o espírito. A longo prazo a espada sempre é vencida pelo espírito”. A espada é o poder e o espírito a palavra. É comum os dois não falarem o mesmo sotaque, o mesmo idioma. Mas, a canção do voto é tudo, pois tem sangue eterno e coração ritmado. Todo país já atravessou as noites escuras do tempo. É pobre o país que tem necessidade de mitos.