BEIRANDO O CAOS –
Pelo que nos mostram as redes de televisão do país o caos no trânsito já se estabeleceu na mais populosa capital do Brasil. Segundo uma pesquisa de Origem e Destino do Metrô de São Paulo, pela primeira vez em 20 anos, o transporte individual predomina sobre o coletivo.
Ou seja, 51,2% dos paulistanos preferem o transporte individual, contra 48,8% que optam pelo transporte público. A preferência pelo transporte individual é impulsionada pelo aumento do uso de carros de aplicativo. O resultado? Aumento dos engarrafamentos e mais poluição, já que um único ônibus substitui cerca de 20 carros por aplicativo.
O exemplo acima foi o pretexto para falar sobre a situação do trânsito na nossa capital. Nos últimos anos a invasão de veículos individuais cresceu a olhos vistos. Observa-se a mudança do cenário nas principais avenidas de Natal nos horários de pico – início e término de cada jornada de trabalho.
O aumento mais significativo observou-se no número de motocicletas. Tal veículo vem ganhando cada vez mais espaço no cotidiano dos brasileiros, seja para deslocamentos urbanos, como para instrumento de trabalho nos serviços de entrega e, por último, como mototáxis.
Segundo levantamento extraído do portal do DETRAN-RN, no final de fevereiro/2025, a frota de automóveis, caminhonetes, ônibus e micro-ônibus totalizava 297,5 mil unidades; enquanto, motocicletas e motonetas alcançavam 125,2 mil unidades. Observa-se melhor tal crescimento ao parar num semáforo fechado e perceber o mundo de motociclistas ao redor do seu carro.
Aí é onde reside o perigo, que chega a beirar o caos. Do motociclista exige-se a mesma obediência às leis e sinais de trânsito impostas ao motorista. Não é isso o que se vê no tráfego de Natal. A impaciência do motociclista não o deixa seguir a mesma postura cobrada do condutor de automóvel. Daí as manobras absurdas em espaços reduzidos entre veículos num risco permanente de graves acidentes no trânsito.
E o pior. Parcela do ônus pela ousadia, imperícia ou irresponsabilidade do motociclista ao ziguezaguear por entre automóveis, causando abalroamento ou atropelamento ao dito condutor, responsabilizará ao motorista no caso de omissão de socorro ao acidentado.
Para a pressa do motociclista não se impõe limites. A qualquer tempo, de qualquer lado do automóvel surge uma motocicleta inesperada em manobras absurdas, circulando por entre brechas minúsculas. Repito. Falta muito pouco para se estabelecer o caos no nosso trânsito, caso não se regulamente a movimentação de motocicletas.
A solução? Criar faixas exclusivas para tais veículos. Existe espaço para tanto nas avenidas da capital? Não. O que fazer, então? Utilizar as mesmas faixas reservadas para os ônibus, caso contrário conviveremos com alarmantes índices de mortes no trânsito.
Nada disso trará resultado caso não haja severa fiscalização. Muitos desses veículos de duas rodas circulam irregularmente pela cidade. É comum vermos motociclistas de sandálias ou descalços sem qualquer cerimônia, cientes da impunidade. Não é tão simples a solução. Ou se impõe alternativas para o caso, ou veremos o caos se estabelecer de vez no trânsito de Natal.
José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil