Neste domingo, Lukashenko subiu o tom e chegou à residência oficial escoltado, vestindo um colete à prova de balas e carregando um rifle. O presidente conta com amplo apoio das forças armadas e policiais. Durante o desembarque no palácio de governo, o presidente foi aplaudido por militares.
Forças de ordem antimotins, especialmente armadas com canhões d’água, foram enviadas em grande número ao local dos protestos. Antes do início da manifestação, o Ministério do Interior se pronunciou contrário às “reuniões ilegítimas” e alertou os cidadãos para que “agissem com inteligência”.
O Ministério da Defesa alertou que, em caso de agitação perto dos memoriais da Segunda Guerra Mundial, locais de protestos nas últimas duas semanas, responsáveis teriam que se ver “não com a polícia, mas com o exército”. No sábado (22), Lukashenko ordenou a seu ministro da Defesa que tome “medidas mais rígidas” para defender a integridade territorial do país.
“Continuem!”
Refugiada na Lituânia, a líder da oposição Svetlana Tikhanovskaia pediu que os protestos continuem. “Estou muito orgulhosa dos bielorrussos que, após 26 anos de medo, estão prontos para defender seus direitos”, disse.
Apoiadores do presidente também organizam demonstrações de apoio com carreatas. Lukashenko afirmou diversas vezes que as manifestações são resultado de interferência do ocidente em seu país, liderados pelos Estados Unidos, com apoio da OTAN – o que a aliança nega.
Além de cidadãos nas ruas, o presidente de Belarus tem enfrentado deserções na mídia estatal e em empresas públicas. Lukashenko ameaçou os grevistas que contestavam seu poder com represálias, citando demissões ou fechamento de linhas de produção. A tática deu resultados: o número de greves nas fábricas estatais, os pilares do sistema econômico e social de Belarus, caiu esta semana.
Além dos americanos, o presidente bielorrusso havia acusado a Rússia de trabalhar discretamente para derrubá-lo. Diante da onda de protestos, mudou seu discurso e passou a se orgulhar do apoio do Kremlin em sua luta face às “tentativas ocidentais de desestabilização”.
Com a aproximação, Lukashenko substituiu membros da equipe editorial da mídia estatal por jornalistas da Rússia. Moscou, por sua vez, anunciou seu apoio a ele, apesar das tensas relações nos últimos meses, enquanto a União Europeia planeja aumentar as sanções contra a potência bielorrussa.