Bispos no Sínodo da Amazônia renovam o 'pacto das catacumbas' em Roma — Foto: Divulgação/Vatican News

Um grupo de bispos participantes do Sínodo da Amazônia, liderados pelo cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes, assumiu o compromisso de defender os pobres, os territórios e a “floresta em pé” na Amazônia. Em uma missa celebrada na Catacumba de Domitila, na manhã deste domingo (20), em Roma, cerca de 40 padres sinodais renovaram o chamado “Pacto das Catacumbas”.

O “pacto” original foi assumido por alguns bispos nos bastidores do Concílio Vaticano II, 16 de novembro de 1965. Naquela ocasião, 40 participantes se comprometeram a viver uma vida de pobreza e sem privilégios. Entre os mais conhecidos estava Dom Hélder Câmara, na época arcebispo de Olinda e Recife – cujo processo de beatificação está em andamento no Vaticano.

Agora, os líderes religiosos reunidos na catacumba – local que recorda os primeiros cristãos de Roma – atualizam o compromisso com a defesa da “casa comum”, o planeta Terra, especialmente a Amazônia.

O que diz esse novo ‘pacto’

O novo compromisso tem 15 pontos “por uma Igreja com rosto amazônico, pobre e servidora, profética e samaritana”. Em resumo, o texto diz que os signatários se comprometem a:

  • Assumir a defesa “dos nossos territórios e com nossas atitudes a selva amazônica em pé“;
  • Denunciar o aquecimento global e o esgotamento dos recursos naturais, mantendo um estilo de vida “sóbrio, simples e solidário”, reduzindo o desperdício e usando o transporte público;
  • Reconhecer que “não somos donos da mãe terra, mas seus filhos e filhas”;
  • Promover uma “ecologia integral, na qual tudo está interconectado”;
  • Renovar “a aliança com Deus e toda a criação”;
  • Renovar “em nossas igrejas a opção preferencial pelos pobres, especialmente pelos povos originários”;
  • Ajudar a preservar “terras, culturas, línguas, histórias, identidades e espiritualidades” dos povos indígenas e denunciar todas as formas de violência contra eles e outras injustiças “nos direitos dos pequenos”;
  • Abandonar posturas colonialistas, “acolhendo e valorizando a diversidade cultural, étnica e linguística”;
  • Anunciar a “novidade libertadora do Evangelho de Jesus Cristo”, fazer parcerias com outras comunidades cristãs e passar de “uma pastoral de visita a uma pastoral de presença”;
  • Reconhecer o serviço “de uma grande quantidade de mulheres que hoje dirigem comunidades na Amazônica e buscar consolidá-las com um ministério adequado”;
  • Acolher e apoiar migrantes e refugiados, “cultivar amizade com os pobres” e ajudar os enfermos.

Última semana do Sínodo

A ideia original era que a missa fosse celebrada de forma privada, quase secreta, mas após reportagem no site católico “Dom Total” e repercussão na imprensa italiana, o Vaticano passou a falar abertamente do evento.

Além do aspecto simbólico dessa missa, o documento firmado pelos padres sinodais, que recebeu mais dezenas assinaturas após o encontro, antecipa um pouco do que será o documento final do Sínodo.

Esse documento final terá propostas para a presença da Igreja na Amazônia; e elas podem ou não ser adotadas pelo Papa Francisco. A reunião começou no dia 6 e termina em 27 de outubro.

Na manhã desta segunda-feira (21), os participantes começaram a ler a primeira versão do documento final. Fontes disseram que o primeiro rascunho ficou longo demais e precisará ser sintetizado. O trabalho desta última semana é, justamente, o de fazer alterações no primeiro rascunho documento.

Fonte: G1

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