O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou nesta quinta-feira (22) que pode vir a não ter apoio no Congresso. Atualmente, o seu partido elegeu a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados, com 52 parlamentares, antecedido pelo PT, que detem a maior, com 56 deputados.
Após encontro com novos comandantes das Forças Armadas, em Brasília, ele disse que não está fazendo “política tradicional” e que o “toma lá dá cá” gera um Estado “ineficiente” e “corrupto”.
“Alguns dizem que eu não vou ter apoio do parlamento. Pode acontecer por que não?”, afirmou. “Não estamos fazendo política tradicional. Eu fiz a minha campanha praticamente sozinho, sem partido nenhum ao meu lado”, disse.
“Procurem parlamentares do dito Centrão [DEM, PP, PR, PRB e SD]. A maioria deles ou me apoiou ou ficou neutro. Ninguém apoiou o candidato deles [Geraldo Alckmin]. Eles têm consciência que o Brasil continuando dessa forma de fazer política, no toma lá dá cá, continuaremos com um estado ineficiente e corrupto. E é isso que nós não queremos”, concluiu.
Dos partidos que integram o “Centrão”, o DEM é o único até o momento com ministros na equipe de Bolsonaro: Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Tereza Cristina (Agricultura) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde).
Lorenzoni afirmou na quarta que é uma “coincidência” o espaço dado aos políticos do DEM por Bolsonaro.
O general Augusto Heleno, por sua vez, disse que se trata de uma “mera circunstância”, já que Bolsonaro tem escolhido os titulares das pastas em razão dos “nomes” e do apoio das “bancadas”. Para o general, não há “compromisso” de Bolsonaro com o DEM.
Bolsonaro afirmou na entrevista que propôs durante o encontro que os “comandos militares” fiquem na Esplanada dos Ministérios.
“Propus a eles (futuros comandantes) agora trazermos de volta para cá os comandos militares, aqui para a Esplanada. Por que foram tirados daqui?”, disse.
“Nós não podemos prescindir do conhecimento, do patriotismo, dos propósitos que os militares têm para com o Brasil”, acrescentou o presidente eleito.
Atualmente, os comandos da Marinha e da Aeronáutica funcionam em blocos da Esplanada. O comando do Exército fica no setor militar urbano, na região central da capital federal.
No passado, os comandos das três Forças ficavam na Esplanada e os respectivos chefes eram chamados de ministros, o que não ocorre mais.
Em 1999, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o Ministério da Defesa foi criado e as três forças ficaram subordinadas a pasta.
O atual ministro da Defesa é o general do Exército Joaquim Silva e Luna, o primeiro militar a comandar a pasta, indicado pelo presidente Michel Temer. Luna será sucedido pelo general do Exército Fernando Azevedo e Silva, escolhido por Bolsonaro.
Bolsonaro tem afirmado desde a vitória na eleição presidencial que os militares terão espaço de destaque em seu governo e participarão das decisões.
Entre os futuros ministros, três são militaras da reserva: o general Augusto Heleno (GSI), o general Azevedo e Silva (Defesa) e o tenente-coronel da Aeronáutica Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).
Fonte: G1