BOM DIA, NOVAMENTE –

 

Respeito e admiro o Jornalismo. Certamente eu escolheria tal profissão não houvesse enveredado para a Engenharia. É invejável ler um texto bem elaborado, conciso e esclarecedor. Coisa de mestres da escrita. No meu entendimento um bom jornalista precisa, antes de tudo, dominar a língua pátria. O Brasil dispõe de bons profissionais em atividade, porém, os do passado me fascinavam. Lembro, como exemplo, o piauiense Carlos Castelo Branco, e sua coluna política no Jornal do Brasil.

Fazer bom jornalismo diante de uma câmera de televisão é atividade que requer, entre outras imposições, rapidez de pensamento, traquejo na atividade, conhecimento de Português, habilidade com o microfone e tele ponto, e muita tranquilidade. Aptidões essas obtidas após muito estudo e treinamento.

Não sei se a idade me tornou exigente e abusado ou se é pura senilidade. Qualquer que seja a hipótese na qual me enquadre eu prefiro continuar rigoroso e inflexível nas minhas avaliações, quer para uma música, um texto, um filme, um programa televisivo ou um comunicado jornalístico. Não sei se o ouvinte ou teleouvinte está menos implicante na atualidade, quanto a aceitar com naturalidade tudo o que vê e ouve. É problema de cada um e o livre arbítrio uma opção de todos.

Vocês, por acaso, já assistiram um determinado comentarista de grande rede televisiva nacional, discorrendo sobre política? Ele começa a sua explanação, até que bem embasada, porém, à medida que vai falando o raciocínio não acompanha a narrativa e fica uma coisa esdrúxula mais ou menos assim:

O senador Fulano de Tal falou que… é é é é é é… isso não poderia acontecer…é é é é é é… mas que é possível de contornar… é é é é é é… mediante uma ação…é é é é é… Meus amigos, é de torrar os nervos. Nessa hora eu lembro de Bim Bim, aquele personagem nervoso de Chico Anísyo, que quando ouvia algo desagradável dizia: Pare! Senão eu vou ter um atrito com o senhor!

Outra prática insuportável é ficarem insistindo no para dar tempo de concatenar o pensamento. Volta e meia colocam um como querendo dar veracidade a narrativa. É preciso possuir nervos de aço. Será que as emissoras não fazem avaliações regulares das atuações de seus repórteres? Por que eles mesmos não se autoavaliam? Nessas ocasiões, meu caro, uso o meu direito de não ouvir utilizando o botãozinho liga-desliga.

Não fica por aí. Existe também “todos e todas”. Segundo a gramática, todos é um pronome indefinido plural, cujo significado é um conjunto de coisas ou pessoas não especificadas nem determinadas. Portanto, todos representam ambos os sexos, homens e mulheres, todos os machos e todas as fêmeas. Segundo o médico e escritor Armando Negreiros, essa mania surgiu depois que o ex-presidente José Sarney utilizou brasileiros e brasileiras em seus pronunciamentos.

Ah! E o que dizer da gracinha que os repórteres utilizam ao serem chamados mais de uma vez para se manifestaram durante os noticiários diários. Se for pela manhã, falam: Bom dia, novamente! No período da tarde: Boa tarde, novamente! Caso o noticiário seja o da noite, lá vem: Boa noite, novamente! Paciência! Será que a primeira saudação não possui consistência suficiente para dispensar as demais.

Repito novamente – a redundância é proposital – o que expus acima: respeito e admiro a atividade jornalística falada e escrita, mas, diante da televisão evitemos que vícios e cacoetes de linguagem atrapalhem a boa comunicação. Então, lá vai minha saudação matutina: É…é…é… Bom dia, novamente, para todos e todas. Né!

 

 

 

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – engenheiro civil

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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