O Brasil bateu recorde de conflitos no campo em 2023, com 2.203 casos, apontou relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), nesta segunda-feira (22). O número representa um aumento de 60% na comparação com 2014, quando foram registradas 1.339 ocorrências. Ao todo, foram 31 assassinatos em 2023, menor número desde 2021, quando houve 21 mortes registradas.
A CPT organiza publicações anuais sobre conflitos no campo desde 1985. São registrados os casos entendidos como ações de resistência e enfrentamento que acontecem em diferentes contextos sociais no campo. As disputas envolvem, por exemplo, luta por terra, água, direitos e pelos meios de trabalho ou produção.
Em 2023, a principal categoria das ocorrências foram disputas por terra, sendo cerca de 71,80% dos casos, seguido por água (11,40%), trabalho (10,40%) e resistência (6,30%).
Já o principal motivo dos conflitos, nos últimos 10 anos, foi invasão das propriedades, com 359 ocorrências, seguida de pistolagem (264), destruição de pertences (101), destruição de casas (73), destruição de roçados (66) e expulsão (37).
Em relação aos assassinatos, em 2023, os indígenas foram as principais vítimas, representando 45,17% dos casos, com 14 vítimas. Também foram assassinados 9 trabalhadores sem-terra, 4 posseiros, 3 quilombolas e 1 funcionário público.
Apesar do número total de assassinatos ter sofrido uma queda na relação com o ano anterior (que teve 47 casos), na Zona de Desenvolvimento Sustentável (ZDS) Abunã-Madeira, região que abrange 32 municípios do Amazonas, do Acre e de Rondônia, o número se manteve o mesmo, com 8 assassinatos, sendo que 5 foram causados por grileiros e 5 das vítimas pertencem ao grupo sem-terra.
Segundo o relatório, a região se tornou “epicentro de grilagem para exploração madeireira e criação de gado, com altas taxas de desmatamento, queimadas e conflitos”.
Os dois estados com mais conflitos no período entre 2014 e 2023 pertencem a justamente essas regiões, sendo o Pará em primeiro lugar, com 1.999 ocorrência no período, seguido pelo Maranhão, com 1926.
O relatório também faz um levantamento do trabalho escravo rural e apontou que, em 2023, 2.663 pessoas foram libertadas, em 251 casos fiscalizados e denunciados. Foi o maior número de ocorrências em 10 anos.
Fonte: G1