BRASIL E AS “EMBOSCADAS” DO MERCADO –
Em qualquer país do mundo, as grandes preocupações são como anda a economia e a influência do mercado na qualidade de vida das pessoas.
O biólogo E. O. Wilson afirma, que “Estamos nos afogando em informações e famintos por sabedoria”.
A sabedoria nos mostra como prosseguir.
O filósofo Ludwig Wittgenstein dizia: “Compreender é saber como seguir adiante”.
E é isso que estamos perdendo. Não sabemos prosseguir.
O Brasil abriga 203 milhões de pessoas, com um PIB real per capita de US$ 9.032 em 2023.
Embora seja altamente diverso, a discriminação racial e de gênero persistem como barreiras que limitam as oportunidades de muitos indivíduos e famílias de quebrarem o ciclo de pobreza.
Curiosamente, a economia teve em 2024 um desempenho melhor do que o esperado.
Crise
Mesmo diante dessa conjuntura favorável, a nação atravessa seríssima crise.
Quais as razões?
Tudo converge para a ação predatória do “mercado”, que consiste na alocação e realocação de recursos, geração de riqueza e crescimento econômico dos países e das pessoas.
Mercado é um “ente” abstrato, sem identificação física, mas surge para “chantagear” os governos e as economias débeis.
A propósito, o conceito de mercado é controverso.
Até Karl Marx, no “Discurso sobre a questão do livre comércio” (1848), após elencar uma série de argumentos que indicam como o livre mercado pode ser prejudicial à classe trabalhadora, termina por proferir seu voto a favor dessa prática.
O que se constata é o mercado brutalmente incapaz de reparar os danos que causa.
“Ele cria problemas, mas não consegue resolvê-los”.
Traz lucros transitórios para algumas pessoas, mas traz muitos problemas para a grande maioria.
Torna-se necessário um outro tipo de instituição para manter o poder sob controle e evitar que o mercado se autodestrua.
A política é necessária.
Regulação
O caminho será a regulação na economia, ou seja, atuação indireta do Estado, traduzida na supervisão, orientação e fiscalização dos agentes econômicos dos setores público, privado e cooperativo, de modo a garantir o equilíbrio do mercado e evitar impactos socialmente negativos.
Temos no país mais de US$ 350 bilhões em reservas – algo próximo de US$ 250 bilhões líquidos – que pagariam com folga toda a nossa dívida externa.
Já no caso dos juros altos, não há investimento produtivo que supere uma taxa nominal acima de 15% ao ano e, principalmente, uma taxa real acima de 7% ao ano.
Aprovação
Diante dessa realidade, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do primeiro projeto dos cortes de gastos, criando “reforços” ao arcabouço fiscal.
Previu disparo de novos gatilhos para congelamento de gastos em caso de piora das contas públicas, além de permitir que o governo possa bloquear até 15% das emendas parlamentares.
A proposta segue para o Senado.
Agora é acreditar, que o mercado “aprove” e o susto de uma “derrocada” na economia seja contido.
E se o mercado não aprovar virão novas “emboscadas”?
Ney Lopes – jornalista, advogado e ex-deputado federal