No Dia da Visibilidade Trans, nesta segunda-feira (29), os números relacionados à violência contra essas pessoas ainda são alarmantes. Quando se trata do Brasil, a coisa piora: ocupamos a triste posição de país que mais mata pessoas transexuais e transgêneros, no mundo.
O ranking foi elaborado por uma organização civil europeia, chamada Transgender Europe. Segundo o relatório da ONG, em números absolutos, foram assassinados no Brasil, entre 2008 e 2016, 868 pessoas trans, aquelas que não identificam o próprio gênero com o sexo biológico.
O número é o triplo que o do México e quase seis vezes maior que o apresentado pelos Estados Unidos.
Os dados levam em conta organizações brasileiras de apoio às pessoas transgênero e a Rede Trans é uma delas.
A entidade registrou, somente no ano passado, quase 180 pessoas assassinadas por serem transexuais. Segundo a presidente da Rede Trans, Tatiane Araújo, o que sustenta a violência e o ódio contra essas pessoas é uma série de fatores que envolvem a exclusão social em vários âmbitos, inclusive no familiar.
Somado aos números de violência, as pessoas trans ainda ocupam, majoritariamente, espaços marginalizados na sociedade, sobretudo no mercado de trabalho.
Com isso, tendem a se manter em profissões sem regulamentação, sem segurança e vulnerabilizadas, como a prostituição.
Tatiane Araújo conta que cerca de 90% das pessoas trans brasileiras atuam como profissionais do sexo, porque muitas vezes não conseguem oportunidade em outro tipo de trabalho.
A representatividade dessas pessoas em ambientes corporativos e com maior visibilidade social caminha a passos lentos, mas esse quadro vem mudando. Laura Teixeira é uma inspiração para outras pessoas trans, como ela, que atua como delegada da Polícia Civil de Goiânia.
Forte motivo para a pouca participação de pessoas trans em funções de visibilidade é a evasão escolar. A menos 82% dos estudantes trans, principalmente adolescentes, abandonam os estudos, por preconceito no ambiente escolar e também familiar, segundo a Rede Trans.
Este dado pode explicar o caminho difícil e curto dessas pessoas, que têm expectativa de vida de apenas 35 anos, abaixo da expectativa geral de todos os países, segundo dados da Agência Americana de Inteligência (CIA) e metade da expectativa de vida do Brasil, que é 75 anos.
O Dia da Visibilidade Trans é lembrado em 29 de janeiro, desde 2004. A data foi criada pelo Ministério da Saúde como forma de reconhecer a dignidade dessas pessoas. Apesar disso, o motivo da luta e resistência dessas pessoas ainda é maior que os motivos para comemorar.
Fonte: Agência Brasil