O Ministério das Relações Exteriores convocou ontem o embaixador do Uruguai no Brasil, Carlos Daniel Amorín-Tenconi, a dar explicações sobre as declarações do chanceler uruguaio Rodolfo Nin Novoa sobre a visita do ministro José Serra ao país. A parlamentares, Novoa disse que, na tentativa de impedir que a Venezuela assuma a presidência do Mercosul, Serra tentou “comprar” seu voto por meio de acordos comerciais. As afirmações foram tornadas públicas no jornal El Pais.
Segundo o jornal uruguaio, Novoa afirmou em reunião na Comissão de Assuntos Internacionais da Câmara uruguaia: “Não gostamos muito que o chanceler Serra tenha vindo ao Uruguai para nos dizer que se suspenda a transmissão da presidência do Mercosul para Caracas, e de ter afirmado que, se isso ocorresse, nos levaria em suas negociações com outros países, como se quisesse comprar o voto do Uruguai”. Novoa se referia a uma entrevista coletiva em que Serra afirmou que o Brasil fará uma ‘grande ofensiva’ comercial na África e no Irã e gostaria de levar o Uruguai – e não todo o Mercosul – como sócio. Ele afirmou que o Uruguai considera ‘legítmo’ que a Venezuela assuma a presidência do bloco.
O Itamaraty divulgou nota sobre as declarações em que afirma: “Durante a visita ao Uruguai, o ministro José Serra também tratou com o presidente Tabaré Vázquez e com o chanceler Nin Novoa do potencial de aprofundamento das relações entre o Brasil e o Uruguai e de oportunidades que os dois países podem e devem explorar conjuntamente em terceiros mercados. O Brasil considera o Uruguai um parceiro estratégico”. E prosseguiu: “Nesse contexto, o governo brasileiro recebeu com profundo descontentamento e surpresa as declarações do chanceler. O teor das declarações não é compatível com a excelência das relações entre o Brasil e o Uruguai”. A nota informa que o secretário das Relações Exteriores, o potiguar Marcos Bezerra Abbott Galvão, expressou a Amorín-Tenconi o profundo descontentamento do governo brasileiro em relação ao episódio.