BRASILEIROS, QUEM SOMOS NÓS? –
As dúvidas dos seres humanos permeiam o universo de seus pensares, a feitio de um conjunto cerebral, a vivenciar suas elocubrações mentais a todo instante, como fôssemos um calidoscópio a projetar visões instantâneas e multifacetadas.
Os nossos pensamentos – emoções, impulsos e crenças –, aventados pelo discernimento freudiano,
irrompem pelo nosso inconsciente, não sendo visíveis pela mente consciente.
São celebérrimas as reflexões da lavra deste polêmico psiquiatra austríaco, quando lança suas indagações analíticas, a propósito da educação, senão vejamos de forma sintética, como adágios indagativos:
• “Nunca tenha certeza de nada, porque a sabedoria começa com a dúvida.”
• “Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons.”
• “Existem duas maneiras de ser feliz nesta vida, uma é fazer-se de idiota e a outra sê-lo.”
• “Ser inteiramente honesto consigo mesmo é um bom exercício.”
Eis um conjunto de proverbiais cerebrações do criador da psicanálise – Sigmund Freud!
Dito isso, vaguemos por esta massa inconsútil de quase 220 milhões de viventes neste continente chamado
Brasil, formatado por todas as religiões, crenças e credulidades tupiniquins, por realidades imigratórias maciças de alemães, italianos, japoneses, portugueses, amalgamadas pelo universo autóctone indígena e sobretudo pela escravidão africana, a tornar a Terra de Pindorama na segunda nação negra do mundo, depois da Nigéria.
A teoria freudiana procura explicar porque os seres humanos não se comportam sempre de maneira lógica e como o conteúdo do pensamento abrange mais do que a pesquisa cognitiva.
Somos um conglomerado de analfabetos em pleno século XXI, travestido de oitava economia mundial, com índices educacionais públicos estarrecedores, vez que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) avaliou que a educação brasileira está a ocupar a 60a posição no concerto mundial de qualidade de educação, entre 76 outros países.
Em contrapartida, o ensino privado se destaca com a 5a posição mundial!
Em resumo e de forma peremptória: a razão única é a indigitada gestão pública da Educação no Brasil!
Vê-se que 76,86% das escolas do Brasil são públicas.
“O impacto causado pela pandemia na educação podem reverberar por 15 anos na economia brasileira”, afirma a Secretaria de Política Econômica – SPE.
? ? ?
Dias atrás, aproximando-se as eleições brasileiras para escolha de seus dirigentes, recebeu-se um adesivo incomum, inominado, sem aviltar candidatos, de ordem geral, a propugnar que a sociedade promova, de forma democrática e livre, suas opções como sentinelas de natureza ética, a louvar a lisura, assim:
“Sou da opinião que tudo deve ser publicado, uma vez que foi escrito. Escrever para si mesmo é
narcisismo, ou medo disfarçado de timidez. Sem dúvida todo sujeito honesto escreve por necessidade, mas nessa necessidade está latente o desejo de comunicação. Os outros gostem ou não gostem. A relação com o público evidentemente interessa, mas não deve impressionar muito o autor. Daqui a 20 ou 30 anos que ficará de nossos atuais pontos de vista e juízos críticos? “ (Carlos Drummond de Andrade, in Melo Neto, 2001, p. 174).
O mineiro de Itabira, poeta maior, deixou-nos um poema que atravessa os tempos por sua singularidade,
a reunir a poesia com a realidade diária, assim:
NO MEIO DO CAMINHO
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.
José Carlos Gentilli – Escritor, membro da Academia de Ciências de Lisboa e Presidente Perpétuo da Academia de Letras de Brasília