BREVIÁRIO DOS POLÍTICOS –
O Rei Sol Luiz XIV da França escreveu suas “Memórias” para orientar o filho. No capítulo “O Aprendiz de Rei”, reconhece a dura e rigorosa condição dos reis. Sobre o seu tutor Mazzarino diz ser hábil, destro, que o amava e a quem amava, que lhe prestou grandes serviços. Foi seu único primeiro-ministro. O rei seguiu suas lições. Não quis ter outro primeiro-ministro para não dividir o poder.
O leitor poderá adivinhar qual o político brasileiro que leu e aprendeu a usar o “Breviário dos Políticos”, de Giulio Mazzarino (1602-1661).
A vida e as artes desse italiano são inimagináveis, inverossímeis. Aluno dos jesuítas, foi monsenhor e cardeal sem nunca ter sido padre. Frequentou a cama da viúva rainha Ana D’Áustria, que a ele confiou a educação do filho, o mais poderoso dos reis.
Mazzarino foi homem pragmático, inescrupuloso, cínico, desconfiado, mestre da simulação e dissimulação. Sempre procurou dar aos outros a aparência de pessoa virtuosa. Teve êxito reconhecido nas lutas e na diplomacia. Fazia alianças impensáveis. Foi protegido e protetor do sútil estrategista e também desonesto Nicolas Fouquet. Ambos habilíssimos no jogo político e também na ilimitada busca do poder.
O “Breviário” é um conjunto de aforismos e máximas. É também retrato inteiro da personalidade do autor, que não teve qualquer pudor de se mostrar como realmente era. É bem diferente de outros que ensinaram a arte da conquista e da manutenção do poder. Quase nada tem a ver com Platão, Maquiavel, Erasmo de Roterdã. Muito menos com “Quixote” de Miguel de Cervantes.
Por sua habilidade, fez crescer a França e o seu pupilo rei. E, paralelamente, sua fortuna pessoal.
O seu mecenato visava ser aplaudido por prestigiosos artistas. Seguiu o seu padrinho o cardeal Richelieu, que havia criado a Academia Francesa, fundando a Escola de Belas Artes de Paris. O seu verdadeiro palácio abrigava preciosa biblioteca e uma coleção de mais de quinhentas obras de arte. A biblioteca foi destinada ao atual Instituto da França. Entre as obras-mestras de sua propriedade, estavam três quadros do pintor renascentista Correggio e a “Vênus” de Ticiano, que hoje enaltece a Galleria degli Uffizi de Florença. A deusa foi posta em aposento luxuoso e com a mão sobre a genitália. A obra-prima não impediu que seus adversários o acusassem de possuir quadros para satisfazer o seu erotismo.
O “Breviário dos Políticos” só veio aparecer na edição alemã em 1723. Um parágrafo é dedicado a como obter o favor dos outros. Recomenda que lhes fale frequentemente das virtudes deles e nunca dos seus vícios. Mesmo se for para fazer crítica, não deixe de mencionar a sabedoria e a competência do parceiro.
Ninguém o superou na arte de fingir, ainda que é saber antigo. O fingimento é antigo, Sun Tzu, há quinhentos anos antes de Cristo, escreveu: “Se fores capaz, finge incapacidade; se fores forte exibe debilidade”.
É difícil não identificar um político amante da corrupção, quando se lê de Mazzarino a recomendação: “Compre, um servidor para que traia o seu mestre”. É preciso dar a aparência de servir ao povo: “Faz de ti o defensor das liberdades populares”.
Quem segue hoje no Brasil o cardeal Mazzarino?
Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN
DÓLAR COMERCIAL: R$ 5,8010 DÓLAR TURISMO: R$ 6,0380 EURO: R$ 6,0380 LIBRA: R$ 7,2480 PESO…
A Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte divulgou nesta quinta-feira (21), a publicação…
O Natal em Natal 2024 começa oficialmente nesta sexta-feira (22) com o acendimento da árvore natalina de…
Você já ouviu que beber algum líquido enquanto come pode atrapalhar a digestão? Essa é…
O fim de semana em Natal tem opções diversas para quem deseja aproveitar. Alcione e Diogo Nogueira…
1- O potiguar Felipe Bezerra conquistou o bicampeonato mundial de jiu-jitsu em duas categorias, na…
This website uses cookies.