CAÇADOR DE MIM –
Desde sempre, acreditei possuir a música o poder de transcender barreiras do tempo, oferecendo refúgio íntimo para a reflexão e meditação sobre a vida, pois as melodias criam atmosfera que nos permite desacelerar, algo essencial em um mundo frequentemente marcado pela correria e excesso de informações.
Regularmente, uma vez por semana, logo cedo, chego ao repaginado “mercado de Jaraguá”, para degustar café da manhã, experimentando itens compõem celebrados cardápios por suas variedades de iguarias ofertadas sempre a preços atrativos.
Recentemente, lá estava eu, quando bem ao meu lado, talvez ainda sob efeito da noitada anterior, uma mulher, cantarolava o sucesso “caçador de mim”, originariamente interpretada por Milton Nascimento, e que expressa a busca do autoconhecimento pela liberdade interior.
Imediatamente, como em tela panorâmica, me vi ator principal de uma peça cujo roteiro fundamentava-se no refrão do cântico, destacando a coragem necessária para enfrentar as tempestades da vida (nada a temer, senão o correr da luta) e a importância de superar o temor para seguir em frente (nada a fazer, senão esquecer o medo).
Naquele momento, o mundo parecia haver paralisado a partir do instante, que entre uma garfada e outra, meditava sobre a importância de possuir forças para encontrar-me comigo mesmo, encarando embates como processo transformador, sendo levado a revisitar memórias, entender sentimentos complexos e contemplar a realidade dos fatos.
E enquanto aquela jovem senhora permanecia em seu cantar, usando a melodia como ponte entre o mundo exterior e o meu universo interior, sentia-me conduzido a um estado de introspecção, onde pensamentos e emoções fluíam livremente.
E sem esquecer a maviosa voz da dama da manhã, já havendo deixado o local, cada vez mais senti-me convencido de que enfrentar desafios exige determinação, pois cada dificuldade superada, contribui com o crescimento pessoal, fundamentado na adoção de aprendizados advindos de infinitas ocorrências existenciais, onde cada obstáculo age como oportunidade de desenvolvimento.
Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras