PUBLIO JOSÉ

Públio José

Esperei, esperei, esperei…… E nada. Esperei, esperei, esperei….. E nada. Não foram somente dias, nem meses. Foram anos e anos de longa espera. Muita espera. Não só da minha parte. Nessa empreitada eu não estava só. Havia na grande maioria dos eleitores um alto grau de convicção de que valeria a pena apostar na gerentona. As análises que, através de rádios, jornais, revistas, tevês, chegavam ao conhecimento das massas periféricas asseguravam que a gerentona era o melhor para o Brasil. Tal posicionamento, de boa parte da nação, estava afiançado pelo maior guru que já pousara em solo pátrio nas últimas décadas. E se ele dizia, se ele enfatizava o alto grau de competência, de desempenho da gerentona, porque duvidar? Aliás, os que tentaram chamar a atenção para o ato falho que apregoava a competência da gerentona, sofreram horrores por todo canto, inclusive dos mais próximos e até da família.

Enfim, o país estava fascinado com a perspectiva de eleger uma mulher à presidência pela primeira vez. E mais fascinados estavam pelas maravilhas que se contavam a respeito de tal pessoa. Durona, olhar furibundo, dedo sempre em riste (numa inequívoca demonstração de autoridade), língua sempre solta para esculachar o primeiro que pisasse na bola, disciplinadora, cobradora irrepreensível de resultados, inflexível na busca dos objetivos traçados, esta era a pintura que se fazia da gerentona. E a maioria embarcou na canoa furada. Nos dias atuais, em sã consciência, dificilmente alguém terá coragem de afirmar – analisando as atitudes da gerentona – que nela podem ser encontrados pelo menos vestígios da competência que lhe foi imputada. Da gerentona, pode se dizer que representa uma promessa dourada e uma realidade enegrecida. Um autêntico blefe que, tardiamente, a realidade desnudou.

A respeito da gerentona, estabeleça-se um paralelo entre ela e o que, lamentavelmente, acontece no mundo do futebol. Um time contrata um jogador de muito fama – e nele deposita uma perspectiva além da conta. A torcida não fica atrás. Louca por vitórias e títulos, embarca na jogada. O atleta chega, é apresentado festivamente, faz uma estreia abaixo do esperado (mas, na euforia da chegada, sua estreia é relativizada. Afinal, é somente a estreia…), se machuca, passa longos meses na enfermaria, joga de vez em quando (e, machucado, volta para o estaleiro), faz um gol (afinal, é preciso justificar o baita do salário), começa a ser vaiado, torra a paciência de técnico, diretoria e torcida – e, finalmente, é despedido (com o bolso forrado de dinheiro), deixando um rastro de prejuízos, decepções, gozações da torcida adversária. Alguma semelhança com a dolorosa experiência do Brasil com a gerentona?

O fato é que o Brasil está pagando um preço absurdamente alto pelo gostinho de ter, pela primeira vez, uma mulher na presidência da república. A gerentona, na realidade, é o maior blefe da história republicana brasileira. Seu discurso abusa de raciocínios ridículos e incompreensíveis; demonstra, a cada dia, total incapacidade para a condução da economia; está à frente de um governo que rateia entre a insensatez orçamentária e a desconexão política; tem em sua volta parceiros atolados em altíssimo grau de corrupção e ladroagem; integra a cúpula de um partido que se utiliza dos mais execráveis métodos para se manter no poder; abusa da mentira, da distorção e da irrealidade (que o diga a campanha que a elegeu). E, no governo, opera uma mistura de incompetência e irresponsabilidade. Como se vê, uma perna de pau em todos os sentidos – adquirida pelo Brasil, lamentavelmente, a preço de ouro.

Públio José – jornalista – ([email protected])

 

 

 

 

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