CAFÉ COM GESTÃO –
“Para fazer um bom café, meu bem, como se faz lá no Brasil, precisa pôr tudo a ferver, meu bem, como se põe lá no Brasil” – Vinícius de Moraes.
Como assim? Explico! Tudo bem que eu tenha nascido entre sacas de café, e, que tenha crescido vendo mesas tomadas por fartura de alimentos para o desjejum da manhã, onde se sobressaiam as grandes garrafas de café que mais pareciam fontes inesgotáveis do nosso pretinho de cada dia. Tudo isso na torrefação de café do meu avô, lá em Mossoró.
Sim, talvez por isso mesmo, eu tenha me tornado uma cafezeira inveterada, não a que tem cafezais, mas a que saboreia de todas as lavouras de café. Ah, meu dia só começa depois de um cafezinho, seja ele o pretinho básico, pingado ou expresso; pode até vir com algum acompanhamento. Uma tapioca ou mesmo um pãozinho com manteiga caem bem.
Na verdade, bom mesmo é ter uma boa companhia para dividir esse momento, não importando onde: seja em casa numa reunião com amigos ou no trabalho. O fato é que arrumo qualquer desculpa para me reunir com alguém para um cafezinho.
É sabido que nos valemos da comensalidade desde priscas eras até a atualidade. Sentar-se à mesa para repartir o alimento é característica das festas e das relações de boa convivência, e símbolo das relações de amizade. Comer e beber juntos, além de fortalecer a amizade entre os pares, também tem a serventia de selar acordos e intensificar relações interpessoais e no trabalho.
Mais que uma necessidade biológica, ritualizar o ato de comer e beber, conjuntamente, têm a função social de permear as relações de sociabilidade e comunicação entre os homens – seja para celebrar um acontecimento ou chorar as dores, fechar negócios ou desfazê-los, reencontrar velhos amigos ou fazer novas amizades, seja qual for o intuito.
E antes que me mandem “ir às favas”, com todo esse aroma de café pairando no ar, quero deixar bem claro que, por trás de todo rega-bofe, tem sempre uma equipe unida, com o espírito de cooperação e de solidariedade, comprometida em executar projetos, prontos ou em planejamento, superando percalços decorrentes da convivência amiudada e entraves burocráticos do trabalho.
Por fim, uma equipe que convive, acolhe, respeita e sabe tolerar uns aos outros, com peculiaridades e opiniões distintas, também detém a receita básica para preparar qualquer tipo de café. Agora, podem perguntar: Como se faz um bom café com gestão? Simples, muito simples, moendo motivação para extrair integração. Tenho dito!
Flávia Arruda – Pedagoga e escritora