Teste da orelinha realizado em bebê — Foto: Ascom/ISD/Divulgação
Teste da orelinha realizado em bebê — Foto: Ascom/ISD/Divulgação

Os exames de triagem neonatal têm objetivo de diagnosticar enfermidades congênitas e prevenir complicações em recém-nascidos. O tema inspira a campanha Junho Lilás, em que se celebra o Dia do Teste do Pezinho. A campanha realizada ao longo do mês conscientiza sobre a importância do procedimento.

Especialistas do Instituto Santos Dumont (ISD), em Macaíba, na Grande Natal, alertam que existem ainda outros quatro procedimentos que contribuem para a identificação de doenças com potencial para desencadear disfunções físicas e cognitivas em bebês: os testes do coraçãozinho, do olhinho, da orelhinha e da linguinha.

“São muitas as doenças que podemos diagnosticar, e então prevenir as complicações que na grande maioria das vezes são graves, de âmbito do desenvolvimento neuropsicomotor, e que vão repercutir lá na frente no aprendizado e desenvolvimento da criança”, explica a médica Sabrinna Machado, preceptora pediatra do ISD.

De acordo com a profissional, o tempo é o maior desafio na detecção dessas condições, que não estão evidentes no momento do nascimento. Recomenda-se que os cinco testes de triagem neonatal sejam realizados ainda na maternidade: o Teste do Pezinho após 48 horas de nascido; o Teste do Coraçãozinho no primeiro dia de vida; e os Testes da Orelhinha, da Linguinha e do Olhinho antes da alta ou, preferencialmente, nos primeiros 30 dias de vida.

O teste do pezinho, por exemplo, detecta doenças que se apresentam antes mesmo do primeiro mês.

“Se conseguíssemos colher entre o segundo e o quinto dia de vida do bebê, com um diagnóstico positivo antes dos 30 dias já poderíamos iniciar o tratamento e evitar complicações neurológicas ou até óbitos fetais”, reforça.

Entre as quatro doenças endocrinológicas que o exame antecipa, duas demandam que o tratamento se inicie entre 14 e 21 dias de vida da criança. Outra doença é a Fenilcetonúria, que pode causar déficit intelectual e quadro de epilepsia grave se a criança não for diagnosticada precocemente e iniciar a dieta adequada.

A pediatra cita o caso de uma criança que chegou com um ano e oito meses ao ISD com atraso no desenvolvimento. Ela teve hipotiroidismo congênito, condição que até então não havia sido detectada pois não teria sido realizado o Teste do Pezinho. O tratamento se iniciou tardiamente e hoje a criança apresenta déficit intelectual, além de prejuízos no âmbito motor, cognitivo e de linguagem.

Para evitar histórias como essa, os profissionais incentivam as mães para que busquem ativamente pela realização de todos os exames da triagem neonatal, sem esquecer de colher os resultados e apresentá-los ao médico. Caso o bebê apresente alguma alteração importante, poderá ser encaminhado para o tratamento adequado, mitigando comprometimentos na sua saúde e desenvolvimento.

No Anita, unidade do Instituto onde são realizados os atendimentos pré-natal e neonatal de alto risco, as pacientes elegíveis têm acesso a todos os exames necessários para garantir o melhor desenvolvimento possível dos seus filhos.

Foi o caso de Winaiara Taiane, encaminhada por um posto de saúde em Macaíba para fazer o pré-natal no ISD. Ela desconhecia a importância da triagem neonatal, mas fez questão de realizar todos os exames quando seu filho Anthony nasceu.

“Eu pensava que era simples, até a pediatra dizer ‘mãezinha, a gente acha que é simples, mas aqui a gente detecta várias doenças’. Ele fez também da Orelhinha, da Linguinha, tudo direitinho, e graças a Deus não deu nada”, comemora a mãe do menino, hoje com quatro meses de vida

Conheça os cinco testes

 

  • Teste do Pezinho: realizado na rede pública, o exame rastreia seis enfermidades: hemoglobinopatias, deficiência da biotinidase, fibrose cística, hipotireoidismo congênito, hiperplasia adrenal congênita e fenilcetonúria. Essas doenças provocam atraso no desenvolvimento neuropsicomotor de crianças e sua detecção precoce evita óbitos, sequelas neurológicas e outras complicações. O teste é feito através da coleta de sangue do bebê, e esta pode ser no calcanhar ou em qualquer outro sítio (braço, mão…).
  • O Teste do Coraçãozinho: avalia a saturação dos bebês nos membros superiores e inferiores com o auxílio do oxímetro de pulso. Ele detecta doenças cardíacas congênitas graves, evita alta precoce e permite investigação e avaliação especializada nos primeiros dias de vida.
  • Teste do Olhinho: é feito através de análise do reflexo da retina e serve de triagem para doenças oculares congênitas como o retinoblastoma, a catarata congênita e o glaucoma, permitindo o tratamento precoce e evitando ou minimizando a perda visual.
  • Teste da Orelhinha: é feito com o bebê dormindo e dura 10 minutos. Se apresentar alteração, a criança será acompanhada por equipe especializada para investigação e tratamento, minimizando as complicações da deficiência auditiva.
  • Teste da Linguinha: é um teste observacional que avalia o frênulo lingual. O teste possibilita diagnosticar e instituir o tratamento da anquiloglossia, conhecida como “língua presa”, permitindo melhora na pega durante a amamentação e evitando alterações na fala e alimentação da criança.

Onde buscar ajuda

Para alterações no teste do pezinho:

  • Se detectada Doença Falciforme ou outra hemoglobinopatia – Hemonorte.
  • Se detectada Fibrose Cística – UASCA / HUOL – 3342-5203/3342-5216
  • Demais alterações endocrinológicas – Hospital da Polícia – 98866-9907
  • Dúvidas – LACEN/RN – 3234-6197

 

Para alterações no teste da orelhinha:

  • Pacientes de Macaíba e Sétima Região de Saúde do RN – CEPS Anita Garibaldi
  • Pacientes de Natal ou regulados – SUVAG e Otomed.

 

Realização do teste da linguinha:

  • Pacientes de Macaíba – CEPS Anita Garibaldi
  • Referência estadual – Hospital Infantil Varela Santiago/CREFIRN
  • Realização de frenectomia – IIN-ELS (pacientes até 3 meses de idade )
  • Hospital Infantil Varela Santiago/CREFIRN (pacientes de Natal ou encaminhados pela regulação).

 

 

 

Fonte: G1

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