A candidata à vacina contra chikungunya produzida pela farmacêutica francesa Valneva produziu resposta imune em 99% dos participantes do primeiro ensaio clínico de fase 3. Os resultados foram publicados na Revista Lancet nesta segunda-feira (12), uma das mais conceituadas na área de ciência e saúde.
Esse é o único imunizante contra a doença que está em estágio avançado de desenvolvimento e, em breve, poderá ser o primeiro a ser aprovado pelas agências reguladoras internacionais.
Chamada de VLA1553, a vacina foi testada em 4.115 adultos saudáveis em 43 localidades dos Estados Unidos: 3.082 participantes receberam uma dose do imunizante, através de uma injeção no braço, e 1.033 receberam placebo.
Todos os participantes foram incluídos na análise de segurança, mas a resposta imune só foi testada em um subgrupo de 362 participantes – 266 receberam a vacina e 96, placebo.
Apesar dos resultados animadores, os pesquisadores ponderaram que esse ensaio clínico não foi realizado em regiões onde a chikungunya é endêmica, como na África, Ásia e Américas. Isso significa que ainda não há como saber se a vacina é segura e eficaz na população que habita essas regiões e que pode ter uma imunidade pré-existente contra a doença.
Mas os cientistas esperam ter essa resposta em breve, pois já há estudos em andamento em áreas onde a chikungunya está mais presente, como é o caso do Brasil.
Por aqui, os testes da vacina começaram em fevereiro de 2022 sob coordenação do Instituto Butantan:
O Butantan tem um acordo firmado com a Valneva para desenvolvimento, fabricação e comercialização da vacina contra a chikungunya no Brasil, assim que todos os ensaios clínicos forem concluídos e o imunizante seja aprovado pelas agências reguladoras.
“No momento, não há nenhum tratamento dedicado ou vacina disponível contra a chikungunya, que é considerado um dos vírus com maior probabilidade de se espalhar globalmente. Estudos mostraram que as mudanças climáticas estão impulsionando a disseminação dos mosquitos que o transportam para novas áreas do mundo. Portanto, ter uma vacina eficaz é importante para a preparação para futuros surtos”, disse Katrin Dubischar, autora do estudo e diretora da farmacêutica Valneva.
A chikungunya apareceu no Brasil há dez anos e, nesse período, se espalhou por todos os estados, atingindo 60% dos municípios brasileiros. O vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, mesmo vetor do vírus da dengue e do zika vírus.
A palavra chikungunya significa “aqueles que se dobram”: isso porque um dos principais sintomas da doença é uma dor intensa nas articulações de pés e mãos que, em 50% dos casos, pode persistir por anos. Outra característica é febre acima de 38,5 graus e de início repentino.
Desde 2015, o Brasil já registrou mais de 1,1 milhão de casos de chikungunya e 909 mortes. Somente em 2023, foram 110,5 mil casos e 34 mortes, segundo dados do Ministério da Saúde até 19 de maio.
Fonte: G1
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