CANDIDATURA – 

Estou num dilema. Acho que muitos, como eu, estão com o mesmo dilema. Aproxima-se o dia das eleições e, para mim e para muitos outros, ainda não surgiu um candidato que mereça realmente a gente sair de casa para votar. Claro, vamos sempre votar, para evitar o pior, dentro do nosso ponto de vista. Mas, o ideal seria um candidato em quem a gente votasse com entusiasmo.

Até agora, não vi esse candidato. Sinceramente, não creio que vá surgir nesses próximos meses que faltam. Você olha ao redor, busca, examina, pensa, e sempre conclui: em quem diabo vou votar? Não se vê ninguém que realmente mereça os nossos votos e o tempo que perdemos para exercer um direito, que transformaram em obrigação, para nos desmoralizar ainda mais. Pode ser que para alguns, haja o candidato ideal. Não duvido.

De tanto pensar em encontrar uma solução, finalmente encontrei uma que achei viável. Vou me candidatar a presidente! É verdade que não terei muitas chances. Não tenho dinheiro para a campanha, não tenho partido pelo qual me candidatar, a Justiça Eleitoral (uma excrecência, pois não conheço nenhum país que tenha uma justiça eleitoral, pois a normal resolve tudo) não vai querer registrar minha candidatura, pois não admitem candidatos independentes em nosso país e exigem que pertença a um desses partidos fajutos que andam por aí (qual não é?). Não examinei isso com profundidade, mas acho que o nosso primor de constituição não diz em lugar nenhum que você tem que ter um partido para ser candidato a alguma coisa. Mas, mesmo que proíba, não vou me preocupar. Ela diz tanta coisa, e deixa de dizer outras tantas, que ninguém mais liga mesmo para ela (o stf que o diga), que eu vou em frente.

Não diria contra tudo e contra todos, pois não sou de briga. Gosto de uma boa discussão, civilizada. Se começam a surgir irritações, vozerio, paro a discussão. Aguento, no máximo, dois minutos de divergências grosseiras. Na minha idade, não pretendo convencer mais ninguém, e ninguém muda mais minhas opiniões. Portanto, na minha campanha não haverá comícios, programas de rádio e tv (esses é que não tenho mesmo, sem ser “partidário”), e apenas conto com o voto das pessoas conscientes e inteligentes, com a cabeça arejada e de centro – nem de esquerda nem direita – pois no meio está a virtude. Como você.

Alguns vão dizer, se vierem a ler este texto. Coitado, enlouqueceu. Ainda não, mas o risco é grande para quem vive neste país e pensa em encontrar um caminho sadio para ele, dentro de um ideal de igualdade, fraternidade e progresso. Não perdi as esperanças e por isso sou candidato, pois não vejo ninguém pensando no Brasil.

Quero o seu voto!

Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN

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