CARNAVAL A FESTA ONDE O TEMPO SE DISSOLVE E O HOMEM DESNUDA SUAS FACETAS – Alberto Rostand Lanverly

CARNAVAL A FESTA ONDE O TEMPO SE DISSOLVE E O HOMEM DESNUDA SUAS FACETAS –

Recentemente acompanhei na orla de Maceió, a evolução do bloco Pinto da Madrugada, ficando encantado com a alegria do evento, ratificando a certeza de que desde as primeiras sociedades, ainda na era das cavernas, o homem caracteriza-se como ser festeiro, sempre encontrando uma forma de expressão, renovação e celebração da vida.

Porém apesar da grandeza dos inúmeros eventos que acontecem ao longo do ano, é no carnaval que o folião desnuda suas inúmeras facetas pois no turbilhão de cores, ritmos e emoções características da festa de Momo, o tempo se dissolve como se fosse apenas um detalhe perdido entre o brilho das fantasias e o som incessante dos tambores.

Os dias e as noites se confundem, a rotina se desfaz, e a realidade cotidiana cede espaço a um universo onde o homem se permite ser múltiplo, livre e, acima de tudo, verdadeiro em sua essência, sendo nesse palco de folia que cada uma veste a máscara que deseja ou talvez a que melhor represente sua alma naquele instante.

O sério se torna irreverente, o tímido encontra coragem para extravasar, e o contido se entrega ao frenesi da dança e ainda há quem busque no Carnaval o refúgio para ser o que nunca ousou, assim como aqueles que, sob a maquiagem e adereços, revelam o que sempre foram.

Hoje o carnaval é verdadeira catarse coletiva, ritual em que as facetas do ser humano se despem de julgamentos e restrições. Entre marchinhas e sambas-enredo, o homem brinca de ser outro e, ao mesmo tempo, se encontra consigo mesmo.

No compasso dos blocos e escolas de samba, as angústias são esquecidas, os papéis sociais se embaralham, e a existência se reduz ao agora, ao instante efêmero e mágico em que tudo é permitido e nada é definitivo.

Mas como todo encantamento, o carnaval é tão breve, que logo chega a quarta-feira de cinzas e o homem retoma suas vestes habituais, recolocando máscaras diárias e retornando ao compasso do tempo cronológico, no entanto, por alguns dias, ele foi livre para desnudar suas inúmeras facetas e lembrar que, sob as obrigações do cotidiano, ainda pulsa um espírito vibrante, intenso e apaixonado pela vida.

 

 

 

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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