CARNAVAL: UM POUCO DE SUA HISTÓRIA – Lenilson Carvalho

CARNAVAL: UM POUCO DE SUA HISTÓRIA –
Na Roma antiga, festas que homenageavam o deus Saturno, chamavam-se saturnais. Nestas ocasiões, os escravos eram soltos, as escolas ficavam fechadas e as pessoas saíam às ruas para dançar.
Carros denominados Carrum Navalis por serem semelhantes aos navios levavam homens e mulheres nus em desfile. Daí o uso do termo Carnavale.
O nosso Carnaval é descendente do entrudo português. No século XVII, os foliões se armavam de baldes e latas cheias de água, quando todos se molhavam. Até na Corte, D. Pedro II se divertia jogando este líquido nos nobres. Aqui acontecia antes do período da Quaresma e durava do domingo à terça-feira gorda.
Com o passar do tempo, água suja, farinha e talco sujavam as roupas dos participantes. Laranjas, limões e ovos eram atirados nos transeuntes. Em 1854, um chefe de polícia do Rio de Janeiro determinou que a partir daquela data o entrudo teria que “ser seco para não estragar as roupas mais custosas e cuidadas e não provocar desordens e confusão”. O entrudo a seco se transformou no Carnaval.
No Hotel Itália (RJ) realizou-se o primeiro baile de salão, onde os foliões mais ricos podiam se divertir ouvindo e cantando habaneras, valsas e quadrilhas distante da sujeira dos entrudos.
Os Corsos eram carreatas em que homens e mulheres mascarados e fantasiados, sentados nos capôs e capotas dos seus carros se divertiam com confetes e serpentinas.
Os Blocos surgiram quando o sapateiro português José Nogueira de Azevedo Prates, o Zé Pereira, saiu pelas ruas tocando bumbo (bombo) e várias pessoas se uniram a ele. O primeiro desfile de carnaval ocorreu em 1855. Uma comissão de intelectuais formou um bloco denominado Congresso de Sumidades Carnavalescas.
O Samba nasceu na favela carioca quando um grupo de amigos se reunia para improvisar versos na casa de um dos moradores do morro. Donga, um dos participantes gravou o primeiro samba “Pelo Telefone” em 1917.
Lembrei-me da belíssima interpretação de Alcione em Não Deixe o Samba Morrer – Edson Gomes da Conceição/Aloísio Silva “O morro foi feito de samba, de samba pra gente dançar”.
A primeira Escola de Samba foi fundada oficialmente em 12 de agosto de 1928 e recebeu o nome de Deixa Falar.
O desfile das escolas ocorreu em 20 de janeiro de 1929, na casa de Zé Espinguela, na Rua Engenho de Dentro, em que foram julgadas a letra e a música do samba. Participaram Portela, Mangueira e a Estácio, tendo a primeira sido campeã com o samba “Não Adianta Chorar”, de autoria de Heitor dos Prazeres. No ano seguinte, o desfile foi para as ruas, e acabou sendo legalizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro em 1935.
A primeira música composta especialmente para o carnaval foi a marchinha “Ô Abre Alas”, de Chiquinha Gonzaga em 1899.
A Passarela do Samba da Marquês de Sapucaí, projetada por Oscar Niemeyer, foi inaugurada em 1984, e o Sambódromo de São Paulo chamado: Polo Cultural e Esportivo Grande Otelo, teve sua pista inaugurada em 1991.
O desfile de fantasias do Teatro Municipal do Rio de Janeiro iniciado em 1937, teve em Clóvis Bornay seu primeiro vencedor.
O lança-perfume foi trazido da França, sendo que em 1961, o Presidente Jânio Quadros proibiu seu uso.
Em 1966, o Presidente Castelo Branco assinou a Lei que retirou o lança-perfume dos bailes carnavalescos.
O Rei Momo foi instituído pelo jornal carioca A Noite, em 1933 e o primeiro escolhido foi o compositor e cantor (magérrimo) Silvio Caldas.
O carnaval de São Paulo começou em 1857 com o Grupo Carnavalesco Os Zuavos.
O luxo das fantasias, a criatividade e a riqueza das alegorias, o ritmo alucinante das escolas de samba representam o ponto alto do carnaval.
O desfile dos sambistas na passarela representa um espetáculo deslumbrante, indescritível.
Em Salvador, tudo teve início com um calhambeque equipado com dois alto-falantes, cujos donos eram Osmar Macedo e Adolfo do Nascimento (Dodô). “Atrás do Trio Elétrico Só Não Vai Quem Já Morreu”, representa todo o entusiasmo do povo baiano.
O som estridente e elétrico dos trios, o ritmo cadenciado dos cordões, blocos e afoxés, e alegria dos foliões com suas mortalhas e fantasias improvisadas, transformam Salvador na cidade mais descontraída do mundo.
O carnaval de Pernambuco está representado através do Galo da Madrugada, Bonecos Gigantes, Bacalhau do Batata e Urso Maluco Beleza.
Lourenço da Fonseca Barbosa (Capiba) em um dos maiores divulgadores do frevo e do maracatu.
No entanto, muitas vezes os momentos de descontração dos participantes, o apego às raízes mais fundas do carnaval e da alma do povo, são substituídas pela violência cada vez mais crescente. As imagens da alegria em alguns instantes estão apagadas nas cinzas do tempo.

Lenilson CarvalhoDentista e escritor

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