Uma dieta balanceada é muito importante para a saúde do seu pet, e o impacto vai muito além de uma boa nutrição. Influencia desde a higiene bucal, ao brilho do pelo e os mecanismos cardiovasculares e imunológicos do animal. Sabendo disso, os tutores se veem em uma encruzilhada na hora de escolher a melhor forma de alimentar os bichos, seja com comidas naturais — que estão em alta — ou com a tradicional ração.
— A ração já um alimento balanceado, com infinitos estudos sobre ela. É adequada, balanceada, com as quantidades exatas. Em contrapartida, a alimentação natural tem que ser acompanhada de perto por um veterinário nutrólogo para acertar as quantidades necessárias para o animal — comenta a veterinária Joice Vasques, pós-graduanda de Oncologia Veterinária pela Universidade Federal do Agreste Pernambucano (UFAPE). — Mas, em questão de palatabilidade, a alimentação natural é muito melhor. O cão fica animado em comer.
As duas formas de alimentação, quando acompanhadas de especialistas e utilizando produtos de qualidade, são boas para os animais, resume Joice. Por esse motivo, a escolha deve ser feita com base em fatores que vão além da nutrição em si, cruzando desde a saúde do bichinho até a disponibilidade dos tutores.
Diferente de uma alimentação caseira, em que tutores dão as sobras da última refeição que fizeram ao animal, a alimentação natural envolve o preparo de alimentos exclusivos para o pet.
O menu para o animal vai desde ovos, vísceras e carnes até legumes e ingredientes pouco processados, sejam eles cozidos ou crus — tudo dependerá da dieta prescrita pelo veterinário para o seu pet. Mas, para que isso seja feito, é necessário ter tempo para o preparo da comida ou condições financeiras de terceirizar o serviço. Ainda assim, Joice diz que essa escolha é feita para além da contagem de nutrientes.
— O principal fator da refeição natural é a felicidade do cachorro, a aceitação da comida tanto para ele quanto para o dono, que o vê feliz. Já atendi cães com problemas urinários que a gente tenta com dieta terapêutica e não consegue, mas vai super bem com a alimentação natural — diz a veterinária.
Entre esses fatores está a diferença de água na comida, conta a veterinária. Enquanto ração seca praticamente não tem água na composição, a comida natural chega até 90% e isso faz com que “o animal que come uma dieta natural beba menos água. Mas isso é bom, porque ele está tendo mais água na alimentação em comparação ao que come ração seca”, comenta.
Ao contrário do que propaga o senso comum, o sal não está proibido na dieta dos cães, mas deve ser usado com moderação. Seus eletrólitos (minerais com funções importantes no corpo) são nutrientes relevantes para o organismo. Porém, o exagero pode ser perigoso, ou até fatal. Segundo o American Kennel Club (tradicional clube de registo de cachorros do EUA), dar comida salgada demais para seu pet pode causa hipernatremia, a concentração elevada de sódio no sangue, prejudicial para as células e o sistema nervoso. Batata frita de saquinho, por exemplo, não é uma boa ideia de petisco por conter altas quantidades de sal.
Mas muitos tutores não têm a disponibilidade para preparar a comida de seu animal conforme o indicado por um nutrólogo ou a contratar uma empresa especializada nesse preparo e isso leva à principal função da ração, de acordo com a médica.
— Ela tem como ponto principal positivo a praticidade. É um alimento que dura bastante tempo, tem a validade mais longa, não vai estragar em dois, três dias. E não precisar ser congelado ou guardado em geladeira, só é necessário um ambiente fresco e arejado. Ainda, se for viajar, por ser industrializado, você consegue transportar também — argumenta a veterinária. — A ração tem diversos tipos, até mesmo para animais que têm necessidades especiais.
Com a dieta já equilibrada pela ração, não é necessário adicionar outros alimentos, indica Joice, somente se quiser dar petiscos casualmente.
Mas se o seu foco é seguir a alimentação natural para o seu cachorro, veja a seguir alimentos que não podem faltar na lista de mercado de seu pet e que influenciam positivamente a saúde dele. Mas que devem ser medidos de acordo com a necessidade de cada animal. Essa lista contem alimentos voltados para a saúde do cachorro, que é um animal onívoro. No caso de um gato, por ser carnívoro, só pode comer carne.
Seja na dieta humana ou do pet, os ovos — tanto de galinha quanto de codorna — são uma ótima pedida. Além de prevenirem de doenças crônicas e anemia, eles tornam o pelo do cão mais saudável, brilhante e ajudam na saúde óssea.
— Ele é uma fonte de proteína importante, é antioxidante, tem muita vitamina (A, D, E e complexo B). Ele pode ser oferecido de duas a três vezes na semana. E o melhor é que pode ser comido cru ou cozido — diz Joice.
Assim como no caso dos seus tutores, os cães podem ter um ganho gigante na saúde, com a adição da carne de peixe à sua alimentação, comenta Joice.
— Peixes são ricos em ômega 3 e ácidos graxos. O indicado é a ingestão da carne crua ou grelhada – diz a veterinária. — É um alimento cardioprotetor, ou seja, protege de doenças cardiológicas, além de ter benefícios para os rins e ser antioxidante.
Mas é preciso se atentar com os espinhos do animal, pois podem engasgar os cães. Só é indicado dar a carne sem espinhos. A nutricionista indica espécies como: tilápia, salmão e cação. Neste caso, grelhado ou cozido.
Mesmo sendo onívoros, os cães são descendentes diretos dos lobos, que são carnívoros. Então a base da alimentação de um cão, mesmo que pequeno, ainda são as proteínas animais. E a carne pode ser consumida de diferentes formas, entre elas a crua. Diferentemente do que ocorre com seres humanos, o sistema digestivo dos cachorros é preparado para alimentos crus. Mas a veterinária destaca que é preciso ter cuidado com a qualidade da proteína.
— A dieta ser crua não tem problema. Mas a origem do alimento é importante. A gente tem que saber de onde ele está vindo. Podem acontecer contaminações. Desde que a carne seja de boa procedência, pode ser oferecido a eles, sim — afirma.
No caso do frango, a veterinária ressalta que o consumo em excesso pode causar problemas de alergia na pele do pet. Por ser um alimento que possui um peso molecular grande de proteína, quando chega no intestino, passa por um processo de hidrólise, que é a quebra dessa proteína em pequenas partículas, ativando enzimas que causam alergia.
A beterraba é um dos legumes mais indicados por Joyce, seguida da abobrinha. De acordo com a médica, o alimento pode ser usado principalmente para animais anêmicos. Mas lembra que seu consumo torna as fezes e urina do animal vermelhas e “os tutores precisam lembrar disso para não tomarem um susto achando que é sangue”.
Entretanto, ela ressalta que não indicaria dar cenouras aos animais. Mesmo raras, algumas alergias podem ser desencadeadas em cães pelo consumo do legume. Eles podem ser acometidos por coceira, vermelhidão na pele, inchaço e problemas digestivos.
Se alguns desses sinais forem notados, a recomendação é interromper o consumo e consultar um médico veterinário.
A veterinária indica folhas verdes escuras como couve, agrião, espinafre, salsinha e coentro por serem anti-inflamatórias.
Os ossos podem ser consumidos em um caldo para a absorção de colágeno e cálcio. Também são indicados como petisco, por serem um enriquecedor de ambiente para os animais mais ansiosos. Apesar de benéfico, a médica pede atenção ao deixar com o seu pet.
— Os ossos são legais para os cães, desde que sempre com supervisão. Ele deve ser administrado com cuidado porque existe risco de fratura dentaria ou do animal engolir o osso — diz a veterinária.
Fonte: O Globo
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